Com inscrições abertas a partir de 10 de fevereiro, oficinas culturais online e gratuitas de moda oferecem a jovens e adultos negros a oportunidade de produzirem figurinos e acessórios para o desfile da marca Maria Moana da coleção Primavera/Verão 2021, no Selina (RJ)
O projeto sociocultural Moda É Para Todos é majoritariamente produzido por mulheres e negros. Ele visa beneficiar jovens e adultos negros de baixa renda, onde realizará oficinas culturais de moda – que inclui a produção e confecção de acessórios e figurinos artesanais e sustentáveis. A ideia é estimular a economia e o desenvolvimento criativo, proporcionando a este público uma nova forma de trabalho e remuneração que retratam seu próprio design dentro da arte. As inscrições serão de 10 a 21 de fevereiro, através do link: http://bit.ly/modaeparatodos
O projeto surge do desejo de transmitir às pessoas interessadas em montar figurinos na sua totalidade e utilizá-los de forma criativa, assinando seu próprio design e dando assim voz à racialidade dentro do mundo da moda. Através do módulo das oficinas que serão realizadas em plataformas digitais, temos a expectativa de expandir o projeto, tornando-o mais democrático, de possível acesso a todos. – afirma Bianca Silva, idealizadora da marca Maria Moana.
Quando a sociedade carrega em si um racismo estrutural, todos os setores, inclusive o da moda, tendem a ser racista. Considerando que o percentual social de 54% é formado por negros, dentro da moda, há poucos estilistas que não se classificam como brancos. Números esses que diminuem quando se trata de estilistas negros em um desfile de moda, com sua própria marca ou trabalhando em empresas, consagradas do segmento em cargos de criação. É possível ver negros na primeira capa ou desfilando em uma semana de moda, mas não criando e apostando seu design como conceito.
Neste cenário, além da produção de peças de figurinos e acessórios para a coleção Primavera/Verão 2021 e da fomentação de jovens negros, o projeto objetiva seguir a lógica de redução de custos e ganhos em vendas, a partir da criação executada pelos artistas iniciantes. A finalização do projeto será um desfile presencial no Selina, no Centro do Rio de Janeiro, da nova coleção da Maria Moana com o tema: “Estampando design: Estilo Afro”, onde cada designer poderá mostrar seu conceito e sua arte de forma específica.
O projeto se dará com 02 oficinas (montagem de Bijuterias, com o Varal da Val, e Montagem de Figurino, com a Negrita Modas) online e gratuitas, com carga horária de 12 horas. Cada uma terá seis dias de atividades, divididas em 02 horas, em cada dia. Sendo, 4 dias Online (na Plataforma Sympla) e 2 dias Presenciais com locais a definir.
A Maria Moana
Foi idealizada pela empresária, Bianca Silva, de 37 anos, empreendedora negra feminina, que impulsionada por um amigo, criou a marca há 4 anos, nova no segmento de acessórios. Inspirada na “Moana” (uma das únicas princesas negras da Disney que não precisa estar associada à figura masculina para representar seu papel) Bianca fez surgir o empoderamento feminino em formato de desenho. A ideia do mar profundo (significado do nome da princesa) remete aqui a necessidade de se jogar em algo que identifique o estilo de cada indivíduo. Já a palavra Maria, que vem do hebraico, que significa senhora, soberana, é a que está a serviço de todos, iluminando-os pela sua pureza e sua luz. O significado da marca gera a exaltação de que “Toda Maria, tem seu lado Princesa” e “Toda princesa, tem seu lado Maria”. A Maria Moana se identifica por sua variedade de bijuterias e acessórios atemporais. A marca revela o seu estilo em peças diferenciadas que somam às mulheres negras e modernas: personalidade e beleza com o empoderamento feminino na sociedade desconstruindo padrões.
Sobre as oficineiras
Vall Neves
Mulher negra, mãe, avó, militante, artista contemporânea multifacetada que transita pelos espaços da dança, moda e design. Moradora de uma comunidade em Santa Teresa, bairro nobre do Rio de Janeiro, seu trabalho como designer de acessórios busca inspiração nos movimentos da dança e da favela, através de sua experiência e sensibilidade ancestral, visual e estética. Empresária e empreendedora, é criadora e responsável pela marca “Varal da Val”, empreendimento de peças, acessórios e adornos estéticos, sem gêneros, que nasceu na busca de afirmação e identidade com peças produzidas e pensadas para valorização da autoestima do povo negro, inspirada na realeza africana, de reis e rainhas, com uma visão afro contemporânea e futurista.
Karine Priscila
Uma mulher que nunca desistiu dos seus sonhos, através dos retalhos de tecido do ateliê em de noivas e acessórios em que sua mãe trabalhava, tornou-se ávida leitura de cadernos específicos para somar na sua construção artísticas. Hoje se define como modista e realizada com a construção de sua marca Negrita Modas.