As favelas brasileiras movimentam mais de R$ 300 bilhões por ano em renda própria, segundo a nova pesquisa “Um País Chamado Favela”, realizada pelo Instituto Data Favela em parceria com a CUFA (Central Única das Favelas). O valor supera o PIB anual de países como Bolívia e Paraguai, e é maior que o consumo de 22 das 27 unidades federativas brasileiras. Se as favelas formassem um estado, seriam o quarto maior em população do país, com 17,2 milhões de habitantes, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
No Rio, os dados ganham contornos ainda mais relevantes. A Rocinha, na Zona Sul da capital fluminense, aparece como a maior favela do Brasil, com mais de 72 mil moradores, superando até mesmo 90% dos municípios brasileiros em número de habitantes. Outras comunidades cariocas, como Rio das Pedras e Cidade de Deus, também figuram entre as dez maiores do país.

“A favela não é carência, é mercado. Um mercado que compra, constrói, investe e transforma. Ignorar essa força é abrir mão de relevância econômica no Brasil real” diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela.
Shopee na liderança
A compra de itens pela internet já é um hábito para 60% dos moradores das favelas, que escolheram a Shopee como a plataforma queridinha do E-commerce. O uso do comércio online, no entanto, ainda é acompanhado de problemas, como atraso de encomendas, relatado por 60% dos entrevistados.
A área da educação também aparece entre as prioridades para os gastos, e 43% disseram que vão adquirir cursos diversos e 29% querem entrar em cursos de idiomas.
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Entre as principais melhorias que os moradores gostariam de ver nas favelas, 19% citaram a melhor qualidade das habitações, 18% pediram mais acesso a hospitais e postos de saúde, 18% pediram mais atenção na segurança e 14% em infraestrutura básica, como esgoto e iluminação pública.
Prioridades faveladas
A estética se mostra como prioridade para essa parcela da população, e 77% responderam que se importam muito com a imagem, enquanto 57% dizem considerar cosméticos itens de primeira necessidade.
Para os próximos seis meses, 70% pretendem adquirir mais itens de vestuário, o equivalente a 8,6 milhões de brasileiros. As regiões Norte e Nordeste têm as maiores proporções de desejo na aquisição de roupas e calçados. No Norte, o percentual atinge 77% e no Nordeste, 73%. Os cosméticos também estão na mira, 60% dos entrevistados devem comprar perfumes nos próximos 6 meses e 51%, produtos de beleza.