Alunos da Grande Belém enfrentam retorno antecipado às aulas devido à COP3 no Pará

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Devido a mudanças no calendário escolar causadas pela realização da COP30, estudantes da rede estadual da Grande Belém voltaram às aulas nesta segunda-feira (14). A antecipação do fim das férias escolares de julho para junho afetou cerca de 168 mil alunos da rede pública, entre escolas estaduais e municipais da região metropolitana. A medida foi adotada para permitir a realização do evento climático, previsto para novembro na capital paraense.

Apesar do retorno às atividades, a situação nas escolas é desigual. Algumas unidades voltaram com prédios recém-reformados e kits escolares fornecidos pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), mas isso não ameniza os problemas estruturais enfrentados pela rede. A falta de apoio efetivo no retorno das aulas evidencia o abandono de escolas localizadas em áreas periféricas ou cidades mais afastadas, muitas ainda sem condições adequadas de infraestrutura. Nessas regiões, o suporte governamental segue precário, com salas em más condições e carência de materiais básicos.

A distribuição de kits escolares, originalmente planejada para o início do segundo semestre, gerou insatisfação entre pais e professores. Enquanto algumas escolas reformadas foram entregues com destaque, outras unidades seguem negligenciadas, especialmente fora do centro urbano.

Devido a mudanças no calendário escolar causadas pela realização da COP30, estudantes da rede estadual da Grande Belém voltaram antes – Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil.

Nos 141 municípios do interior do Pará, os estudantes da rede estadual só retornarão às aulas no dia 31 de julho, o que evidencia a priorização da capital e das escolas que poderão hospedar delegações internacionais durante a COP30. O atraso está relacionado a entraves logísticos e ao redirecionamento de recursos para a preparação do evento.

Professores também relatam sobrecarga de trabalho com a implementação do ensino híbrido e de uma nova disciplina de educação ambiental. Entidades educacionais e movimentos sociais denunciam o enfraquecimento das políticas públicas no setor, em função dos preparativos para a COP30.

Além disso, os efeitos da pandemia ainda impactam o funcionamento do Sistema Modular de Ensino (SOME), essencial para comunidades indígenas e ribeirinhas. Enquanto a capital se prepara para receber autoridades de todo o mundo, estudantes da Grande Belém enfrentam exclusão, abandono e descontinuidade no ensino, reflexo das desigualdades entre demandas locais e prioridades internacionais.

O calendário letivo de 2025 será reestruturado de forma emergencial, com aulas prolongadas até novembro e novo recesso previsto entre os dias 5 e 21 do mesmo mês.

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Marcela Soares

Marcela Soares

Marcela Soares acadêmica de Publicidade e Propaganda Paraense, atuante em fotografia e produção de conteúdo comunicando o Norte com sotaque e essência apaixonada por cinema, moda, fotografia e boas leituras traduzo sentimentos em imagens e expresso estilo com autenticidade.

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