13 de julho, Dia Mundial do Rock. Gênero musical foi criado por músicos negros.
Um estilo musical que surgiu na metade do século XX, alcançou seu auge na década de 70 e 80: o Rock and Roll. No último domingo, dia 13 de julho, foi celebrado o dia Mundial desse gênero que marcou gerações e o NP bateu um papo com a vocalista da Banda Haynna e Os Verdes, compositora, intérprete e produtora cultural, Haynna Mendes, sobre o esse gênero musical que fez e continua fazendo sucesso.
Haynna explica que o Rock foi criado pela cultura negra e por diversos músicos negros ao longo do tempo: “A cultura negra está na raiz do rock e isso vale tanto para o cenário internacional quanto para o nacional. O rock nasceu do blues, do gospel, do rhythm and blues, tudo isso criado por pessoas negras. No Brasil, a presença negra também é essencial para todos os estilos musicais, mas muitas vezes é apagada”, afirma.

Alguns artistas como Chuck Berry, que misturou blues, country e R&B, é considerado o “pai do rock and roll”. Outros nomes como Little Richard e Jimi Hendrix foram artistas negros que ajudaram a moldar o gênero musical. Mulheres como Tina Turner, que é considerada a “rainha do rock” por ter rompido barreiras de raça e gênero no meio musical e Sister Rossetta Tharpe que é considerada a “mãe do rock and roll“ foram fundamentais para ampliar a presença de mulheres no gênero musical.
Mesmo com tamanha influência nesse cenários, esses nomes por muitas vezes são esquecidos ou nem reconhecidos por sua contribuição, Haynna fala um pouco sobre a estética branca dominar o cenário musical.
“Ainda é comum associar o rock a uma estética branca, masculina e heteronormativa e isso precisa mudar. A sociedade, em geral, ainda não reconhece plenamente essa influência, o principal é lembrar que o rock é negro, que tem raízes profundas na luta, na resistência e na criatividade do povo preto”, acrescenta.
Mudanças no gênero musical ao longo dos anos
O gênero se reinventou ao longo dos anos, foi incorporando outros estilos musicais, como a MPB e o rap. Ainda segundo ela, o rock passou por muitas mudanças ao longo da sua história. “Apesar do seu embranquecimento, hoje ele é muito mais diverso, tanto nas sonoridades quanto nas vozes que o representam. Não é só sobre a música rock, mas sobre repaginar o gênero, sobre atitude rock’n’roll. A gente vê fusões com outros gêneros, como a MPB, o rap, o soul, são muitas camadas criativas” analisa Haynna.
Com isso, muitos artistas brasileiros puderam cantar e interpretar um pouco do rock in roll, em suas criações. Haynna destaca alguns em quem ela se inspira: “Aqui no Brasil, admiro muito Elza Soares que, mesmo não sendo rotulada diretamente como roqueira, tinha uma atitude absolutamente roqueira e visceral. Também artistas como Boogarins, Tássia Reis, que flerta com o rock em vários momentos, Mateus Fazeno Rock e o som pesado e necessário da banda Black Pantera“, pontua.
Em 2019, Haynna e sua banda foram indicados na categoria “Melhor Intérprete de Rock” ao Prêmio Profissionais da Música. Para ela, o rock não é só um gênero musical: “O rock sempre foi sobre ruptura, sobre contestação. Uso o rock como um espaço de liberdade, de reapropriação, de denúncia, de celebração, de afeto“, finaliza Haynna.
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