*Matéria publicada originalmente pelo Coletivo Entre Becos, com reportagem e fotos de Bruna Rocha e edição de Rosana Silva
As mensagens no WhatsApp deixaram de ser apenas recados do dia a dia e passaram a anunciar oportunidades de estilos acessíveis para mulheres plus size. Batizado de “Bazares pelo WhatsApp”, as peças são vendidas a partir de R$ 5 entre as participantes dos grupos de comercialização.
Foi assim que, há cerca de seis meses, surgiu o “Bazar das Plus” no WhatsApp, comandado por Gilsilene Araújo, 28. A comunidade é composta por mais de 50 mulheres que anunciam e compram roupas plus size diariamente. Segundo ela, o grupo ajuda a manter o estilo das participantes sempre atualizado, já que lojas convencionais dificilmente oferecem diversidade de peças para pessoas gordas.

“Surgiu da necessidade de encontrarmos peças atuais, modernas e estilosas para mulheres plus size. O WhatsApp foi escolhido por ser uma plataforma de fácil comunicação por meio dos grupos. Há seis meses, criei o Bazar das Plus”, recorda.
Para integrar o grupo, não há segredo. Conforme a fundadora, basta seguir algumas regras que contribuem para o bom funcionamento do coletivo. Entre elas, está o valor máximo de R$ 25 por peça, o anunciante deve agendar um horário para a publicação da roupa e cada item vendido deve ser entregue limpo e sem avarias.
“Existe uma série de regras para que o grupo funcione da melhor forma, em que todas as integrantes possam publicar seus desapegos e não apenas consumir o que eu posto. Dessa forma, fazemos a economia girar entre nós mesmas e incentivamos o reaproveitamento sustentável das peças”, afirma a modelo.
Por se tratar de um fluxo de receita distribuído entre as participantes, Gilsilene reforça que não obtém lucro pessoal com o grupo. No entanto, estima que, ao longo desses meses, já tenham circulado cerca de R$ 6 mil em transações.
“Os lucros são coletivos: cada integrante recebe o valor correspondente à peça que anunciou e vendeu”. Apesar de ser originalmente um grupo online, a moradora do bairro Nordeste de Amaralina conta que as participantes desejam realizar uma edição presencial do bazar. “Nosso objetivo, nos próximos meses, é promover um evento voltado para mulheres e levar o bazar do WhatsApp para um formato presencial”.
Uma das integrantes do grupo é Erika Souza, 48, secretária, veterana em grupos de desapegos pela plataforma. Segundo ela, sua participação nesses espaços começou com a disponibilização da ferramenta no Brasil.
“O bazar online é atrativo pela praticidade que oferece no dia a dia corrido. Me ajudou a ganhar tempo e também trouxe lucro de R$ 1.800 em seis meses de desapegos. Eu já participo há mais de dez anos”, comenta.

“Minhas peças geralmente são desapegos — roupas que já não uso, mas que ainda servem para outras pessoas. Eu vendo e também compro para uso próprio. Fiz a cirurgia bariátrica há 15 meses, e o bazar foi o que me ajudou a renovar o guarda-roupa sem gastar muito. Bazar é sustentabilidade! Ele veio para ajudar o meio ambiente e promover o desenvolvimento econômico de quem participa dessa prática”, afirma.
Ao longo dos anos, o setor de e-commerce tem crescido no Brasil. Segundo projeção da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o setor deve faturar R$ 234,9 bilhões em 2025. A estimativa representa um avanço em relação a 2024, quando o comércio eletrônico alcançou R$ 204,3 bilhões — um crescimento de 10,5% em comparação ao ano anterior.
Em 2024, o setor registrou 414,9 milhões de vendas online, com um ticket médio de R$ 492,40. O número de compradores pela internet chegou a 91,3 milhões no período. Para 2025, a previsão é que o valor médio das compras suba para R$ 539,28, com um volume estimado de 435,6 milhões de pedidos. A ABComm projeta alcançar 94,05 milhões de consumidores online.
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“A transformação digital é irreversível. O e-commerce segue evoluindo com inovação, novas tecnologias e uma experiência de compra cada vez mais personalizada. O crescimento consistente do setor fortalece o varejo como um todo e amplia as oportunidades para pequenos e grandes negócios”, declarou Maurício Salvador, presidente da ABComm, à imprensa.