Uma pesquisa divulgada pela fintech Onze aponta que dentre todas as preocupações do trabalhador brasileiro, o dinheiro está no topo da lista. O estudo concluiu que 49% das pessoas ouvidas citam que a falta de dinheiro afeta outras áreas da vida, se tornando fonte de instabilidade emocional, superando até mesmo temas como saúde (19%) que aparece em segundo lugar da lista, e família (15%) na terceira colocação. Trabalho ( 7%), violência (7%) e política (3%) complementam a lista.
O relatório, que ouviu 8.701 pessoas, mostra também que 61% dos entrevistados disseram não ter dinheiro para emergências, muitas vezes relacionadas com os temas secundários citados no estudo como saúde, acidentes ou eventual desemprego. Outro dado revela um agravamento no orçamento doméstico das famílias brasileiras, 51% delas afirmam que a renda mensal não é o suficiente para cobrir os gastos, e apenas 12% relataram conseguir esse controle e ainda poupar dinheiro.

Reserva de emergência X Saude Mental
Um levantamento divulgado Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio/SP) no fim de 2024 mostra que 77% das famílias brasileiras possuem alguma dívida. Um dos fatores mais apontados entre os citados no relatório da Onze quando se fala em reserva de emergência, mas outros fatores socioeconômicos impactam negativamente a vida dos brasileiros, incluindo os mais jovens.
“O que mais dificulta, é a minha realidade atual. Com um filho de 7 anos, e preste a ter outro. Considerando a nossa realidade de hoje, você tendo dois filhos é muito difícil sobrar uma quantia para que você faça uma reserva de emergência”, reflete Wellington Figueiredo, auxiliar administrativo, em entrevista ao Notícia Preta.
O jovem de 26 anos ainda citou o fator psicológico na busca por equilíbrio nas finanças, realidade preocupante de 72% dos trabalhadores do país. Entre os sintomas mais frequentes estão ansiedade, insônia e depressão, puxando uma crescente nos casos relacionados a estresse financeiro.
“Me abala no sentido de sempre estar preocupado, se no próximo mês vou conseguir pagar todas as contas normalmente. Seria o ideal poder viver sem preocupações financeiras. Psicologicamente pra mim seria perfeito poder sair e fazer qualquer coisa, ou até mesmo ajudar alguém caso necessário, sem se preocupar.” Aponta Wellington.
Educação Financeira
Para Antonio Rocha, fundador da autora da pesquisa – a Onze -, a educação financeira é um dos indicadores negativos que mais impactam as finanças dos brasileiros. “Historicamente, o déficit na educação financeira dos brasileiros impacta diretamente na saúde financeira. Este estudo é um exemplo. Há mais de quatro anos vemos o dinheiro despontando como a maior preocupação na vida das pessoas e o impacto do estresse financeiro está cada vez maior” disse o executivo em entrevista ao portal G1.
Em janeiro deste ano, a plataforma de ensino online Preply divulgou uma pesquisa mostrando que a pauta está entre as metas de 49% dos brasileiros para o ano de 2025 e relata também que a alta na procura por esse tipo de tema reflete a escassez do assunto na formação básica nas escolas.
Referente a ter uma educação financeira em nossas vidas, faria total diferença na fase adulta de todos. Porém, até hoje não tem uma mudança. No meu caso, eu mesmo procuro estudar e aprender sobre a vida financeira por outros meios, procuro assistir podcast, e vídeos sobre investimentos”, conclui Wellington Figueiredo.
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