Relatório da PF já foi enviado para o Supremo Tribunal Federal e tramita em sigilo. Mais de 30 pessoas foram indiciadas pelo uso indevido da Abin para espionagem ilegal.
A Polícia Federal (PF) concluiu e enviou ao STF nesta terça feira (17) o relatório do inquérito que indicia o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), o filho dele e vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-diretor da Abin e deputador federal Alexandre Ramanagem (PL-RJ) pelo o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no caso que ficou conhecido como ´´Abin paralela´´.
Integrantes da atual cúpula da Abin também foram indiciados, incluindo o atual diretor da agência, Luiz Fernando Corrêa. Ao todo, mais de 30 pessoas foram indiciadas sob suspeita de utilizar ilegalmente a estrutura da Abin para monitorar irregularmente autoridades públicas e ministros do STF.
A investigação foi aberta em 2023, no primeiro ano de governo Lula, para investigar os indícios do uso irregular da agência. Que agora segundo as investigações aponta que a estrutura de espionagem foi usada reiterada vezes no governo Bolsonaro para atuar em interesses políticos e pessoais do ex presidente e de seus filhos.

Inquérito e acusações
O relatório aponta que Alexandre Ramagem era o principal responsável pela organização do esquema ilegal de monitoramento. Ele ocupou o cargo de diretor da Abin durante o governo Bolsonaro.
As investigações apontam que o ex-presidente Bolsonaro, tinha conhecimento da estrutura paralela e se beneficiou da mesma, não tomando nenhuma atitude para combater a prática de espionagem ilegal.
Carlos Bolsonaro é apontado como chefe do ´´gabinete do ódio´´, um grupo que produzia conteúdos e promovia postagens em redes sociais atacando pessoas contrárias ao governo. Carlos Bolsonaro teria utilizado informações obtidas por meio da Abin para criar esses conteúdos, atacando virtualmente adversários políticos do ex – presidente e pai dele.
Já a atual cúpula do Abin, incluindo o atual diretor da agência, Luiz Fernando Corrêa, foram indiciados por suspeita de tentar obstruir as investigações, como foi comprovado com a apreensão de computadores que tinham sido ocultados por funcionários da Abin.
Como era feito a espionagem
As investigações da PF apontam que a espionagem era feita através do software FirstMile, que é um sistema israelense de geolocalização. No relatório é apontado que esse sistema foi usado diversas vezes em 2021, período pré-eleitoral e que através dele foi rastreado até 10 mil celulares por ano nos primeiros três anos de governo Bolsonaro.
Na lista dos espionados que tiveram suas localizações rastreadas pelo sofwtare, estão nomes de ministros do STF, jornalistas e deputados. Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Luiz Fux do Supremo e o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) foram algumas das pessoas espionadas ilegalmente pela Abin paralela.
O que dizem os acusados
Somente o investigado Carlos Bolsonaro se manifestou em suas redes sociais, em publicação feita o vereador ironiza o indiciamento e questiona a investigação: “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”.
Bolsonaro, Ramagem e Luiz Fernando Corrêa ainda não se pronunciaram.
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