A Polícia Civil de São Paulo investiga as circunstâncias da morte de Edson Bernardo de Lima, conhecido como Edson Café, ex-integrante do grupo Raça Negra. O músico, de 69 anos, foi encontrado desacordadona rua, no dia 31 de maio, e faleceu após ser internado no Hospital Municipal do Tatuapé. O caso foi registrado como “morte suspeita” pelo 52º Distrito Policial (Parque São Jorge), e o corpo passou por exames no Instituto Médico Legal (IML).
Edson Café foi um dos integrantes da formação original do Raça Negra, grupo que se tornou referência nacional do chamado “pagode romântico” nos anos 1990. Ele participou do auge da banda, tocando violão e pandeiro, e acompanhando turnês e gravações que marcaram gerações.

Em 1994, no entanto, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que deixou sequelas motoras no lado esquerdo do corpo. Apesar da limitação física, seguiu no grupo por mais de dez anos, adaptando-se para tocar apenas com a mão direita.
Em 2005, Edson deixou o Raça Negra e, ao longo dos anos seguintes, enfrentou dificuldades pessoais, incluindo a luta contra a dependência química. Em alguns períodos, viveu em situação de rua no Rio de Janeiro e, mais recentemente, em São Paulo.
Amigos e admiradores relatam que ele tentava retomar a carreira e reconstruir a vida, apesar das adversidades. A família, inclusive, reconheceu o corpo por meio de exames no IML.
Repercussão e silêncio do grupo Raça Negra
A morte de Edson Café gerou comoção nas redes sociais, com fãs lamentando o falecimento e pedindo homenagens por parte do Raça Negra. A assessoria de imprensa do grupo declarou que ele não fazia parte da formação oficial há mais de 20 anos e, por isso, não haveria manifestação institucional.
Alguns internautas também mencionaram tentativas anteriores de ajuda. “O Geraldo Luís já tentou ajudá-lo outras vezes, mas ele não aceitou”, escreveu um usuário. Outro desabafou: “Mais um talento vencido pelas drogas. Que Deus conforte a família!”. Entre as homenagens, muitos destacaram a importância de Edson para a música brasileira. “Escreveu alguns sucessos, a música brasileira te agradece!”, disse uma fã. “Foi um grande artista que acabou sendo esquecido”, lamentou outro.
A trajetória de Edson Café, do sucesso nos palcos ao esquecimento social, escancara a vulnerabilidade vivida por muitos artistas brasileiros, especialmente negros e periféricos, após deixarem a cena midiática. Sua história desperta reflexões sobre o abandono, a solidão e a falta de suporte a músicos que fizeram história na cultura nacional, mas que acabam à margem.
Apesar disso, muitos internautas destacaram sua contribuição para o sucesso do grupo, relembrando videoclipes e entrevistas em que Café aparece nos bastidores ou tocando nos palcos.
A investigação segue em andamento para esclarecer as causas e circunstâncias do falecimento.
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