No Brasil e em diversos países, o consumo de álcool entre os jovens tem caído de forma consistente. A tendência tem sido apontada por pesquisas nacionais e internacionais e reflete transformações culturais profundas entre as novas gerações.
Segundo levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), 46% dos brasileiros entre 18 e 24 anos afirmam não consumir bebidas alcoólicas. Outros 20% dizem beber uma vez por mês ou menos. Já uma pesquisa da consultoria Decode, publicada pela Exame, mostra que 30% dos jovens da Geração Z relatam ter medo da “ressaca moral”, o que influencia diretamente na decisão de não beber.

A mudança de comportamento não é exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, um relatório da Gallup revelou que apenas 62% dos adultos com menos de 35 anos consomem álcool, uma queda significativa em comparação aos 72% registrados há vinte anos. No Reino Unido, dados da consultoria Mintel indicam que jovens entre 20 e 24 anos têm quase metade da probabilidade de gastar com bebidas alcoólicas se comparados a pessoas com mais de 75 anos.
Apesar da redução no consumo regular, o consumo abusivo de álcool ainda preocupa no Brasil. A pesquisa Covitel 2023 mostra que 32,6% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos relataram episódios de consumo excessivo, uma alta em relação aos 25,8% registrados em 2022. Especialistas apontam que esse número é mais alto entre homens, sobretudo os negros, que enfrentam maior exposição à violência urbana, desemprego e estresse cotidiano.
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Por que os jovens estão bebendo menos?
Diversos fatores explicam a mudança nos hábitos. Um dos principais é a preocupação com a saúde física e emocional. Entre os jovens negros e periféricos, o acesso limitado à saúde de qualidade e a consciência crescente sobre os danos causados pelo álcool têm pesado nas escolhas.
Outro ponto importante é o fator econômico. O alto custo das bebidas alcoólicas faz com que muitos jovens prefiram investir em outras formas de lazer. Além disso, o movimento “sober curious”, que incentiva a experimentação de estilos de vida sem álcool, vem ganhando espaço nas redes sociais.
Segundo análise da Reuters, o setor de bebidas alcoólicas caminha para um cenário semelhante ao da indústria do tabaco: crescimento lento, envelhecimento do público e maior regulação. A Geração Z, mais consciente e conectada, está acelerando esse processo.