Conflitos no Sudão completam dois anos com crise humanitária e sem expectativa de cessar-fogo

image1170x530cropped.jpg

Em dois anos, metade da população do Sudão vivem em insegurança alimentar aguda segundo a ONU, e cerca de 13 milhões foram deslocadas

O conflito entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF) começou no dia 15 de abril de 2023. Dois anos depois, a guerra continua no Sudão, com metade da população sudaneses vivendo com insegurança alimentar aguda, conforme informou a ONU nesta terça-feira (15). Ou seja, a insegurança alimentar faz parte da realidade de 25 milhões de pessoas, durante os confrontos que seguem sem possibilidade de cessar-fogo. 

Ainda segundo a ONU, 12,4 milhões de pessoas ficaram desalojadas por conta da Guerra no país africano, fazendo com que o Sudão enfrente a maior crise de deslocações do mundo. Muitas delas, crianças, e quase 90% delas, longe das escolas.

Guerra no Sudão completa dois anos e registra mais de 37 mil mortos | Foto: Acnur/Ala Kheir

Além disso, a violência sexual também é frequente no país durante os conflitos. A Unicef aponta que entre os sobreviventes infantis de estrupo, 66% são meninas, e milhares de mulheres e meninas estão em risco de violência sexual.

O país que contém a terceira maior nação africana tem vivido a pior crise de fome extrema do mundo desde o início dos confrontos, resultando em crise econômica e aumento na taxa de pobreza, impactando 49,8% do país. Nos últimos meses houve um maior agravamento, deixando 8,1 milhões de pessoas em condições de emergência e 638 mil em situação catastrófica de fome. 

Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), o conflito dizimou terras agrícolas, a produção de alimentos e as instalações de armazenamento, reduzindo a disponibilidade e o acesso a alimentos. 

Leia também: ONU alerta para agravamento da fome no Sudão e apela por ação humanitária

No ano passado, 2,7 milhões de crianças e cuidadores no Sudão receberam apoio, aulas e serviço de proteção com o Unicef,  alcançando 9,8 milhões de crianças com água potável e outros serviços. O país enfrenta dificuldade de receber ajuda humanitária devido a guerra. Mais de 110 agentes foram mortos, feridos ou sequestrados desde o início do conflito, de acordo com a OMS.

A saúde da população também foi vítima da guerra; a falta de sistema de saúde e de serviços básicos resultou em risco de doenças infecciosas e surtos, além da taxa de vacinação ter despencado no Sudão durante esses dois anos. Foram registrados dezenas de milhares casos de cólera e dengue. 

Os sobreviventes da guerra têm se refugiado em países vizinhos. O Egito recebeu cerca de 600 mil sudaneses e o Chade abrigou mais de 700 mil. Países como Etiópia e Sudão do Sul também têm abrigado os refugiados. Milhares de pessoas estão fugindo todos os dias e um dos maiores acampamentos, na região de Darfur do Norte, está sofrendo ataques, resultando em muitos mortos e feridos. 

A guerra no Sudão não é só sobre política, há muito dinheiro envolvido é proveniente da exploração de petróleo, além da recente descoberta de grandes reservas de ouro no território que segue a dois anos em confronto. 

Leia também: Mais de 20 pessoas se afogaram tentando fugir dos combates no Sudão, diz grupo pró-democracia

Nathalia Ferreira

Nathalia Ferreira

Jornalista com pós-graduação em Social Media e MBA em Digital Business. É estratégista de comunicação digital e social intelligence, atuou em análise de dados, geração de insight e já liderou a comunicação corporativa em consultoria étnico-racial. Nathalia tem como propósito contribuir com uma comunicação antirracista e alavancar ações efetivas e de impacto social através da comunicação.

Deixe uma resposta

scroll to top