Na última terça-feira (08), a secretária de Políticas Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Márcia Lima, oficializou a sua demissão da pasta. Em entrevista ao jornal O Globo, a agora ex-secretária falou sobre as dificuldades do governo em comunicar os avanços de políticas afirmativas voltadas para a questão racial promovidas pela pasta.
“Quando eu falo de comunicar é um desafio para esse governo. Primeiro pelo número de ministérios que tem. E porque a pauta racial é uma pauta que tem ainda muita resistência para dentro do governo, para o legislativo. Construir uma pauta de igualdade racial é um enorme desafio”, afirmou Márcia em entrevista, pontando também o desafio de integrar os demais ministérios às políticas comandadas pela pasta comandada por Anielle Franco.
Como exemplo, Márcia citou a renovação da lei de cotas no serviço público de 20% para 30%, que segundo ela, não foi comunicado de maneira efetiva pelo governo. Assim como o ‘Plano Juventude Negra Viva’, instituído pelo ministério com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade dos jovens negros à mortalidade, no Brasil.
Outro exemplo de deficuldade de comunicação sobre as políticas afirmativas produzidas, segundo a ex-secretária, tem relação com uma estratégia de comunicação antifascista desenvolvido pelo ministério junto da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Apesar de ter sido lançado em dezembro do ano passado, Márcia afirma que a iniciativa não chegou a ser divulgada pelo governo, de forma ampla.
“Esse plano de comunicação pode ser um avanço real para esse problema de como falar da questão racial na gestão pública. É uma das conquistas que a gente tem e a gente nunca ouviu falar. Lançamos em dezembro do ano passado. Nunca vi uma linha sobre isso. É um enorme avanço e não ganhou visibilidade”, diz Márcia.
Agora, fora da pasta, a ex-secretaŕia afirma que decidiu sair pois perdeu a autonomia que tinha antes. “Eu sempre tive muita autonomia na gestão da Secretaria. Mas, recentemente, as decisões de composição da equipe passaram a ser tomadas pela alta gestão do ministério. Eu senti, então, que era o momento de pedir minha demissão. Definir o perfil da equipe não era mais uma atribuição minha”, explicou.
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