No último domingo (09), o terreiro de candomblé Ile Oya Osun Nide, localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi incendiado. De acordo com a Iyalorixá da Casa, Neila de Oyá, o caso já foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Rio de Janeiro, que investiga o caso.
Ao relatar o acontecido nas redes sociais, a Iyalorixá falou com detalhes, como se sente. “Esse incêndio que destruiu nosso espaço não é um incidente isolado. Trata-se de um reflexo do racismo religioso e da intolerância que ainda insistem em assombrar nosso país. O terreiro é um espaço de acolhimento, de respeito e de resistência, onde cultivamos o amor, a espiritualidade e a comunhão com nossos ancestrais. Ver esse espaço atacado é um golpe contra a liberdade religiosa e contra a própria diversidade que compõe nossa sociedade“, afirmou.
O Notícia Preta entrou em contato com a Decradi que informou que está investigando o caso, e que representantes do terreiro já prestaram depoimento, e que as diligências estão em andamento para identificar e ouvir a suposta autora do incêndio, para esclarecer os fatos.

No momento do incêndio não havia ninguém no local, e ninguém se feriu. Por outro lado, Neila de Oyá, relatou o sentimento de dor em ver o terreiro pegar fogo.
“Como mulher negra, de axé e lyalorixá desta casa sagrada, sinto na alma o peso dessa violência que nos atinge não apenas materialmente, mas espiritualmente.
Nosso terreiro não é apenas um espaço físico. Ele é o lar da nossa fé, o abrigo dos nossos orixás, o refúgio de tantos que aqui encontravam acolhimento, paz e pertencimento. Ver grande parte desse espaço reduzido a cinzas é como sentir parte da minha própria história sendo arrancada“.
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