Terreiro de Candomblé é incendiado na Baixada Fluminense: “Reflexo do racismo religioso”, diz Iyalorixá

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No último domingo (09), o terreiro de candomblé Ile Oya Osun Nide, localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi incendiado. De acordo com a Iyalorixá da Casa, Neila de Oyá, o caso já foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Rio de Janeiro, que investiga o caso.

Ao relatar o acontecido nas redes sociais, a Iyalorixá falou com detalhes, como se sente. “Esse incêndio que destruiu nosso espaço não é um incidente isolado. Trata-se de um reflexo do racismo religioso e da intolerância que ainda insistem em assombrar nosso país. O terreiro é um espaço de acolhimento, de respeito e de resistência, onde cultivamos o amor, a espiritualidade e a comunhão com nossos ancestrais. Ver esse espaço atacado é um golpe contra a liberdade religiosa e contra a própria diversidade que compõe nossa sociedade“, afirmou.

O Notícia Preta entrou em contato com a Decradi que informou que está investigando o caso, e que representantes do terreiro já prestaram depoimento, e que as diligências estão em andamento para identificar e ouvir a suposta autora do incêndio, para esclarecer os fatos.

Terreiro Ilê Asé Oya Osun Nidê, foi destruído em incêndio no domingo (09) /Foto: Divulgação

No momento do incêndio não havia ninguém no local, e ninguém se feriu. Por outro lado, Neila de Oyá, relatou o sentimento de dor em ver o terreiro pegar fogo.

Como mulher negra, de axé e lyalorixá desta casa sagrada, sinto na alma o peso dessa violência que nos atinge não apenas materialmente, mas espiritualmente.
Nosso terreiro não é apenas um espaço físico. Ele é o lar da nossa fé, o abrigo dos nossos orixás, o refúgio de tantos que aqui encontravam acolhimento, paz e pertencimento. Ver grande parte desse espaço reduzido a cinzas é como sentir parte da minha própria história sendo arrancada
“.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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