“Eu me ajoelhei na frente dela e falava: ‘Pelo amor de Deus, olha no meu rosto, me reconhece? Não sou eu‘”. Contou o motorista de aplicativo Thiago Marques Gonçalves, em entrevista ao programa Encontro (TV Globo) nesta quarta-feira (26). O jovem, de 24 anos, descreveu o momento em que encontrou a mulher que o acusou de roubo, juntamente com o estudante Igor Melo. O marido dela, um policial militar reformado, atirou contra os jovens. Igor perdeu um rim e ainda está hospitalizado.
“Foi desesperador! Nunca vi aquela mulher na vida. Nunca peguei bala de ninguém, quem dirá roubar alguém. Não tem como! […] E ela não olhava, ela desviava a cara. Ela não queria olhar pra mim“, contou Thiago, que geralmente trabalha 17h por dia, e que depois do ocorrido, fcou 17h preso até ser solto na tarde de terça-feira (26).
Igor também ficou sob custódia mesmo no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Após a audiência, ambos foram liberados.

Thiago conta que, já com o estudante de comunicação Igor Melo na garupa, que estava saindo de seu trabalho em uma casa de samba na Penha, Zona Norte do Rio, estava indo em direção ao Viaduto João XXIII, na Penha, quando um carro começou a se aproximar muito rápido.
Depois de dar passagem para o veículo, o carro emparelhou com a moto e começou a disparar. “Foi alto, mas conseguimos pular. Igor foi muito guerreiro, porque mesmo com tiro, ele conseguiu correr. Ele dizendo: ‘Eu sou trabalhador, não me abandona, eu não fiz nada, só me ajuda’. A gente viu um carro, minha mente achou que era o rapaz, e a gente pulou dentro de uma casa“, disse durante a entrevista.
O policial da reserva apontado como autor dos desparos, chegou a se entregar na delegacia confirmando que havia atirado contra os dois jovens, quando sua esposa os reconheceu como os bandidos que a assaltaram. policial afirmou que viu Igor, que estava de camisa amarela e na garupa da moto de Thiago, armado e por isso atirou.
Foi o que ele afirmou em seu primeiro depoimento. O policial Carlos Alberto de Jesus mudou a versão em seu segundo depoimento, e disse que chegou a pedir para Thiago Marques parar a moto. “Encosta, polícia”, teria dito a ele. E que em seguida, Igor teria colocado a mão próxima a cintura, fazendo menção em estar armado.
Segundo ele, sua esposa Josilene Souza, afirmou que os dois roubaram seu telefone entre 1h15 e 1h30. Porém a polícia não encontrou nenhuma arma com Igor e Thiago, nem o telefone de Josilene. Além disso, a família de Igor aponta que ele estava trabalhando no momento do roubo, e que possuem imagens que comprovam a inocência dele. O caso está sendo investigado pela 22ª DP (Penha).
Leia também: Após audiência, estudante baleado na Penha (RJ) não está mais sob custódia policial