O vice-prefeito de São José do Rio Preto, Fábio Marcondes, divulgou nesta segunda-feira (24) uma nota oficial em que nega ter cometido crime de racismo contra um segurança do Palmeiras, após ser flagrado chamando o funcionário de “macaco” no estádio José Maria de Campos Maia, no último domingo (23), durante a partida contra o Mirassol.
“Jamais tive a intenção de ofender ou prejudicar qualquer indivíduo ou grupo”, declarou Marcondes no comunicado. Ele alegou que as imagens divulgadas representam apenas um “recorte dos acontecimentos” e afirmou que a discussão teve início após ofensas dirigidas ao seu filho.
Apesar da negativa, a repercussão do caso levou o político a pedir exoneração do cargo de Secretário de Obras e solicitar uma licença temporária da vice-prefeitura por recomendação médica.

O caso: ofensa flagrada e reação imediata
A denúncia foi feita pelo próprio Palmeiras e testemunhada por diversas pessoas no estádio. Imagens registradas pela TV Globo mostram o momento em que Marcondes profere a ofensa e, em seguida, deixa o local. O diretor de futebol do clube, Anderson Barros, reagiu na hora:
“Está todo mundo de testemunha que foi o vice-prefeito. Vocês vão ter que mostrar e vai ser todo mundo testemunha. Se ele chamou o cara de macaco, ele vai ser denunciado”, afirmou.
A diretoria do Palmeiras emitiu uma nota oficial repudiando o ato e anunciando medidas legais: “Não toleramos qualquer forma de discriminação e tomaremos todas as providências cabíveis, a começar pelo registro de Boletim de Ocorrência. Que o autor desta inaceitável ofensa racista seja rapidamente identificado e responsabilizado criminalmente”.
O Mirassol não confirmou o caso, mas declarou em nota que “defende que as denúncias sejam apuradas”.
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O racismo no Brasil: aumento de casos e legislação
O episódio envolvendo Fábio Marcondes reflete um problema estrutural que persiste no Brasil. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 apontam um aumento de 67,4% nos casos de injúria racial e 37,3% nos crimes de racismo entre 2021 e 2022.
A diferença entre os crimes é que o racismo, previsto na Lei 7.716/1989, atinge um grupo ou coletividade e é considerado imprescritível e inafiançável. Já a injúria racial, que se refere a ofensas individuais, foi equiparada ao racismo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2023, tornando-se também imprescritível.
Casos como o ocorrido no jogo entre Palmeiras e Mirassol demonstram a importância do enfrentamento ao racismo no futebol e na sociedade como um todo.
Investigação em andamento
O Palmeiras garantiu que acompanhará o caso de perto e que todas as testemunhas serão ouvidas. O Ministério Público e a Polícia Civil já foram acionados para conduzir a investigação.
Até o momento, Fábio Marcondes não foi encontrado para comentar sobre eventuais desdobramentos do caso.