Onda de calor: 2,5 milhões de crianças e jovens estudam em escolas mais quentes que as cidades

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Brasil está passando pela terceira onda de calor do ano, com as temperaturas extremas em quase todas as regiões do país, com os estudantes entre os atingidos. Segundo dados levantados pela Agência Pública, a partir de uma pesquisa do Instituto Alana e do Mapbiomas, 2,5 milhões de crianças e adolescentes estudam em escolas que ficam em áreas pelo menos 3°C mais quentes do que as cidades onde estão.

O Instituto Alana realizou, em 2024, uma pesquisa sobre a existência de áreas verdes nas escolas do país. De acordo com o estudo, dentro dos um terço das capitais analisadas, metade das escolas estão localizadas nas chamadas ilhas de calor, registrando em média 3,57ºC a mais de temperatura de superfície em relação ao restante da área urbana.

Cerca de 35% das escolas nessas áreas possuem em sua maioria alunos negros, “enquanto apenas 8,6% são escolas com maioria de alunos brancos”. A falta de áreas verdes concomitante à localização das escolas em áreas de riscos evidencia, segundo o instituto, a conexão entre desigualdades econômica e social e fatores climáticos.

Alunos negros são os mais afetados pelo calor, segundo estudo /Foto: Unsplash

Uma nota técnica produzida também em 2024, pela professora emérita da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Sofia Lerche Vieira, indica que as mudanças climáticas estão afetando o acesso, a permanência e a aprendizagem na educação. O documento, desenvolvido pelo D³e – Dados para Um Debate Democrático na Educação em parceria com o Todos Pela Educação, Instituto Terra Firme e Banco Master, apresenta as causas climáticas que forçam escolas a fecharem ou adiarem as aulas, impactando diretamente no aprendizado dos alunos.

De acordo com um estudo feito por Sérgio Venegas Marin, Lara Noemie Tatiana Schwarz e Shwetlena Sabarwal, pelo Banco Mundial, publicado em abril de 2024, intitulado O impacto da mudança climática em educação e o que fazer sobre isso, “os problemas decorrentes das mudanças climáticas incluem o fechamento em massa de escolas, as perdas de aprendizagem resultantes de temperaturas elevadas e os impactos sobre a saúde de professores e estudantes”.

A Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) salienta que “as altas temperaturas e o calor extremo favorecem as crianças a adoecerem muito rapidamente e de várias maneiras”.

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Marina Pereira

Marina Pereira

Marina Pereira, natural de Fortaleza, é formada em Letras pela Universidade Federal do Ceará. Possui uma carreira dedicada à educação, atuando como professora. É apaixonada pelo estudo da literatura e atualmente está cursando mestrado em Literatura Comparada. Possui uma queda especial pelo jornalismo, área que a fascina pela possibilidade de levar informações com agilidade e precisão.

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