Pesquisas realizadas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), e examinadas pelo jornal Folha de S. Paulo, revelam que a população negra é a mais afetada em casos de dengue no Brasil, já que ela representa 53% das mortes confirmadas e em investigação. Esse cenário se torna preocupante quando observamos que 55% da população se autodeclara preta ou parda.
A pesquisa, que foi realizada entre os anos finais de 2023 até março de 2024, também indica que pessoas negras representam 47% de internações por dengue no país. Além disso, mulheres negras lideram o número de casos de dengue e os homens negros é o grupo que mais morre.
Regiões apontadas como “esquecidas”, que sofrem com a falta de saneamento básico, serviços de saúde e outras necessidades básicas são as mais atingidas pela proliferação de doenças como a dengue, afetando de forma desigual, a população. De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), pretos e pardos são os que têm menos acesso a saneamento básico, no Brasil.

As primeiras doses da vacina contra a dengue começaram a ser distribuídas ainda em fevereiro de 2024, disponibilizadas gratuitamente pelo SUS. A farmacêutica Takeda foi a responsável pela produção de cerca de 750 mil doses da vacina. Nesse primeiro momento, devido a quantidade restrita de doses, o público-alvo foi apenas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, direcionadas às regiões com uma maior incidência de transmissão. A distribuição das vacinas acontece com a aplicação de duas doses num intervalo de três meses.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), lamenta a situação preocupante onde apenas metade das doses foram aplicadas à população e reforça sobre a importância de ações estratégicas de comunicação para alcançar público-alvo, visto que autoridades alertam sobre uma nova temporada de casos de dengue.
Segundo um painel do Ministério da Saúde, nos primeiros 11 dias do ano, o país já registrava 16 mil casos prováveis de dengues, e o mês fechou com um total de 170.376 casos prováveis.
Nesse sentido, as medidas preventivas recomendadas pelo Ministério da Saúde seguem valendo: Uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão; Remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos; Vedação dos reservatórios e caixas de água; Desobstrução de calhas, lajes e ralos; Participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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