Sem acordo, indígenas mantêm ocupação na Seduc contra mudanças no sistema de educação do Pará

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Após uma reunião entre o governo do Pará e os indígenas que ocupam a sede da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) do Pará, em Belém, a situação permanece a mesma. O governador Helder Barbalho (MDB) não aceitou fazer um acordo, e acatar o pedido dos indígenas de revogar a Lei 10.820/2024, que estabelece mudanças no Sistema de Organização Modular de Ensino (Some), que segundo os indígenas, afeta diretamente a educação escolar indígena.

Participaram da reuinão, que aconteceu na última terça-feira (28), 40 lideranças do movimento de ocupação da Seduc, o governador Helder Barbalho e outros membros do governo, além da ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, a deputada federal (PSOL) Célia Xakriabá, e a secretária de Estado dos Povos indígenas, Puyr Tembé.

As comunidades indígenas continuam protestanto na Seduc /Foto: Divulgação

Segundo os manifestantes, a lei extinguiria o Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) e o Sistema de Organização Modular de Ensino (Somei), que seriam substituidos pelo uso de televisores, com ensino à distância. Mas o governo nega, afimando que o Some não vai acabar e que as áreas continuarão a ser atendidas pelo programa.

Os indígenas também reivindicam a exoneração do secretário de educação do estado Rossieli Soares.

Não teve acordo. Tentamos negociar de todo o jeito. Ele já lançou a contraproposta. Nossa proposta segue a mesma, que era a saída do secretário Rossieli Soares. Ele não quis aceitar a proposta. A revogação da lei ele também não quis. Ele ficou se esquivando, não quis dialogar com nós para tratar a pauta. Então resolvemos sair sem acordo”, disse o cacique Dadá Borari, em vídeo divulgado logo após a reunião.

Os manifestantes, também compostos por professores em greve no estado que apontam que a lei também prejudica a carreira e as condições de trabalho dos docentes, ocupam a Seduc desde o dia 14 de janeiro.

Além disso, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 7778), para contestar a lei, que de acordo com a Apib, incorpora o modelo online em certas regiões, que por sua vez, pode afastar alunos indígenas dos estudos.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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