O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (17), os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 e, nela, mostra-se que mulheres, pretos e pardos vivenciam a fome mais cotidianamente do que pessoas brancas. De acordo com os números, atualmente, o índice de segurança alimentar está em 63,3%, o mais baixo desde 2004, quando o nível chegou a 65,1%. Em 2013, o país teve a melhor taxa de segurança alimentar, chegando a 74,4%.
Comando da casa
A pesquisa mostrou ainda que mulheres, pessoas pretas e pardas têm índices mais altos de insegurança alimentar. Porém, nos lares comandados por homens negros (61,4%), o nível de segurança alimentar é mais alto do que as casas comandadas por mulheres negras (51,9%). No levantamento realizado em 2013, melhor ano até então, o nível de segurança alimentar de domicílios comandados por mulheres negras foi de 74,6% e os lares comandados por homens, 79,1%. Já na pesquisa divulgada nesta quinta-feira (17), os índices oscilaram entre 66,8% para homens e 58,5 para mulheres. “Cerca de 3,1 milhões de domicílios passaram por privação quantitativa de alimentos, que atingiram não apenas os membros adultos da família, mas também suas crianças e adolescentes. Houve, portanto, ruptura nos padrões de alimentação nesses domicílios e a fome esteve presente entre eles, pelo menos, em alguns momentos do período de referência de 3 meses”, relata a pesquisa.
Racialização dos dados
A pesquisa fez um recorte racial, mostrando que os níveis de segurança alimentar em domicílios que são comandados por pessoas pretas são inferiores aos lares comandados por pardos e brancos. Ainda segundo o levantamento, as casas comandadas por pessoas pardas têm um percentual de 36,9% de segurança alimentar, enquanto os pretos totalizam 15,8%. Na contramão dos números, os domicílios comandados por pessoas brancas, o percentual de segurança alimentar chegou a 51,5%.
Regionalização
Mais uma vez, as regiões Norte e Nordeste são as mais atingidas pelos níveis de insegurança alimentar. “A Região Norte teve cerca de cinco vezes mais domicílios convivendo com a restrição severa de acesso aos alimentos, ou seja, com IA grave, quando comparada com a Região Sul (10,2% contra 2,2%)”, afirma a pesquisa.
O levantamento apontou também que as áreas rurais possuem 7,1% de insegurança alimentar nos lares contra 4,1% das áreas urbanas.
A pesquisa foi realizada entre junho de 2017 e julho de 2018, feita por amostragem em 57.920 domicílios em todo o país.