De Flores para Iemanjá a defumadores caseiros: a celebração do Ano Novo e os rituais e simpatias

MG_1184-1.jpg

O fim de um ano e alvorada de um novo ciclo costumam ser repletos de muita reflexão sobre o que se passou, e expectativa sobre o que está por vir. O Notícia Preta foi ao Mercadão de Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para descobrir alguns costumes e tradições do público para esta época do ano, que seja realizar uma determinada atividade ou comer algo específico, por exemplo.

Em entrevista no Mercadão, a historiadora Veronica Moura dos Santos citou algumas das suas tradições de final de ano. Ir à praia no último dia do ano para fazer uma oferenda para a orixá Iemanjá e não comer carnes como frango e peru, por serem animais que “ciscam” para trás. Ela indica o consumo de carnes como pernil e bacalhau.

Veronica também destaca o preparo de defumadores caseiros para afastar más energias e atrair. No começo do dia um defumador composto por ingredientes como pimenta, enxofre e café, para limpar energias negativas. Em seguida, outro defumador, dessa vez feito com componentes de teor “doce”, como canela, cravo, anis estrelado, açúcar mascavo, folhas de loro etc.

As oferendas de flores para Iemanjá se tornaram uma tradição ao redor do Brasil – Foto: Notícia Preta

Rituais e tradições brasileiras

No Brasil, as celebrações de Ano Novo são marcadas por uma série de rituais que misturam espiritualidade, simbolismo e influências culturais.

Em Salvador, a Igreja do Senhor do Bonfim se torna o principal ponto de encontro na última sexta-feira do ano, chamada de “Sexta-feira da Gratidão”. Fiéis de diferentes estados vão até o templo para pedir proteção para o próximo ano e levar objetos para serem benzidos, como colares, as famosas fitinhas do Bonfim, chaves de casa, fotos e até mesmo carros.

Nas praias brasileiras, a devoção a Iemanjá, a Rainha do Mar, une espiritualidade e celebração. Candomblecistas e da umbandistas realizam oferendas como flores, perfumes e espelhos, ou participam do tradicional ato de pular as sete ondas, acreditando que o ritual atrai boas energias. Originalmente uma divindade iorubá da Nigéria, Iemanjá foi incorporada às religiões afro-brasileiras e tornou-se um símbolo de proteção e força feminina.

A tradição de pular as sete ondas na virada do ano também é ligada à umbanda e ao culto a Iemanjá. O número sete possui um significado especial, representando Exu, filho de Iemanjá, além das Sete Linhas de Umbanda, organização espiritual comandada por orixás. Cada pulo seria um pedido direcionado a uma entidade diferente.

A tradição de vestir branco, hoje amplamente difundida no Brasil, também tem origem no candomblé. Adotada por sua beleza e pelo simbolismo de paz, a prática se consolidou entre as décadas de 1950 e 1970, quando oferendas realizadas na praia de Copacabana inspiraram outras pessoas a seguirem o costume.

Quando surgiu a celebração do Ano Novo

A celebração da passagem de ano não é algo recente, existe há mais de 4 mil anos. A história indica que o primeiro povo a celebrar o ano novo teria sido o da Mesopotâmia, que hoje corresponde aos territórios de Iraque, Kuwait, Síria e Turquia – países do Oriente Médio. Contudo, a celebração dos mesopotâmicos se dava antes da criação do calendário que hoje utilizamos. Por serem um povo altamente ligado à agricultura, eles celebravam a “virada” do ano no equinócio de primavera, quando a estação do florescer dava lugar o inverno, e se iniciava uma nova safra de plantação.

Por isso, a festa de virada dos mesopotâmicos não era do dia 31 de dezembro para o 1° de janeiro, e sim do dia 22 para o 23 de março, quando ocorre o equinócio de primavera no hemisfério norte.

Leia também: Pesquisa revela maior concentração de templos religiosos em favelas do Brasil

Emive Ferreira

Emive Ferreira

Estudante de jornalismo de 20 anos, criado na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, apaixonado por esportes e hip hop.

Deixe uma resposta

scroll to top