Nesta quarta-feira (20), é o Dia Nacional da Consciência Negra, data que faz referência a morte de Zumbi dos Palmares, uma figura que simboliza resistência e revolução, líder de um quilombo na região de Palmares, situado entre Alagoas e Pernambuco, no nordeste brasileiro. A fim de entender um pouco mais sobre os quilombos, o historiador Jones Manoel, licenciado em história pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fala sobre o poder dos quilombos durante o período do Brasil colônia.
“O quilombo construía a forma mais radical de resistência à escravidão, e era uma negação total e absoluta da sociedade colonial e se construíra como uma sociedade alternativa, um espaço de liberdade e de construção de outras formas de organizar a produção e a vida”, disse o historiador Jones Manoel, que também é político e escritor.
Inicialmente, a data veio como uma oposição ao Dia da Abolição, 13 de Maio, pois após a Lei Áurea e a ‘libertação’ dos escravos, não foram garantidos acessos à direitos como emprego, saúde, moradia e educação. A data foi ressignificada devido a morte de Zumbi dos Palmares e a manifestações posteriores por reconhecer a morte do líder como fato que dá importância ao dia.
O quilombo dos Palmares ganha notoriedade entre muitos outros, pois este foi o que esteve mais tempo em atividade, cerca de 100 anos, e teve a maior população, em torno de 10 a 20 mil pessoas entre o consenso dos historiadores brasileiros. Além disso, marcou a maior expansão territorial dentre quilombos, chegando a 27 mil km².
Na época do Brasil colônia, a sociedade brasileira era escravagista, mas nem toda sociedade que tem escravidão pode ser considerada escravagista. O Brasil é enquadrado no conceito, pois a escravidão organizava a vida social, a economia, a cultura, ideologia e organização do poder político e ordem jurídica.
“No Brasil colônia vieram cerca de 6 milhões de negros e negras e mais de 600 mil morreram no transporte por navios negreiros. O tempo de vida média entre os escravos era de 10 anos e se trabalhassem nas lavouras, o período era diminuído em 5 anos”, também traz Manoel.
A data entrou no calendário em 2002 no calendário escolar brasileiro, mas só em 2011 foi implantado o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Neste ano, a data é celebrada como feriado nacional pela primeira vez, por conta da sanção do então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2023.
“A história do quilombo, de Zumbi, de Dandara, de Tereza de Benguela deve ser ensinada, reivindicada e valorizada pelos comunistas, socialistas e anarquistas. A tradição quilombola é uma tradição de luta e resistência no Brasil e deve ser defendida seja do ponto de vista político, teórico e histórico.”, completa ele.
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