Secretário de segurança pública diz que 47% dos fuzis do Rio de Janeiro vem dos EUA

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O secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, revelou que 47% dos fuzis apreendidos ao longo de 2024 no estado foram fabricados nos Estados Unidos. A informação foi dada durante uma coletiva nesta terça-feira (29), na qual o secretário destacou as grandes dificuldades para conter o tráfico desses armamentos, que entram no Brasil por rotas internacionais complexas e abastecem o crime organizado local.

De acordo com o secretário, esses fuzis chegam ao Brasil por meio de desvios no mercado internacional. Muitas vezes, são exportados legalmente dos Estados Unidos para outros países, de onde são redirecionados para o Brasil.

“O desafio é imenso, com mais de 17 mil quilômetros de fronteira seca e 7,5 mil quilômetros de fronteira marítima. Mesmo países com recursos muito maiores enfrentam dificuldades para fechar fronteiras”, disse dos Santos em coletiva, na qual ressaltou a dificuldade em monitorar as fronteiras.

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Victor dos Santos assumiu o cargo de secretário de segurança pública em novembro de 2023 – Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.

Como medida para enfrentar o problema, o governo brasileiro planeja intensificar as gestões diplomáticas com os Estados Unidos e estabelecer uma colaboração com a Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), responsável por monitorar e combater esse tipo de crime nos EUA.

A situação no Rio de Janeiro, agravada pela recente morte de três inocentes durante um confronto entre a polícia e criminosos na Avenida Brasil, levou à criação de um grupo de trabalho. Esse grupo, composto por representantes das forças de segurança do estado e do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), terá como foco principal a investigação das finanças das facções criminosas e a retomada de territórios dominados pelo crime.

O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo, explicou que a ideia é não apenas focar em operações policiais, mas também entender e enfraquecer a economia criminosa.

“Queremos saber para onde vai e de onde vem o dinheiro. Sabemos o caminho dos fuzis, e agora vamos atuar nesse campo. O fuzil se tornou um símbolo do domínio territorial, e estamos diante de um cenário que exige um enfrentamento mais qualificado”, afirmou.

Estados Unidos em destaque na exportação de armas

O aumento das apreensões de fuzis no estado reflete uma tendência global. Um relatório do Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI) aponta que os Estados Unidos são o maior exportador de armas do mundo, com um aumento de 17% nas suas exportações entre 2019 e 2023. As armas americanas chegaram a 107 países nesse período, contribuindo para alimentar o mercado ilegal em regiões como o Brasil, onde acabam nas mãos de organizações criminosas, agravando a violência e o domínio territorial.

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