A pesquisa afirma que recém-nascidos negros têm aproximadamente três vezes mais chances de morrer sob cuidados de médicos brancos
Um estudo publicado na última segunda-feira (17), na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences of the United Status of America (PNAS), revela que recém-nascidos negros têm maior chance de sobrevivência quando o médico do hospital responsável por eles também é negro. Quando atendidos por um médico branco, os bebês negros têm aproximadamente três vezes mais probabilidade de morrer do que bebês brancos.
Os pesquisadores Brad Greenwood, Rachel Hardeman, Laura Huang e Aaron Sojourner revisaram 1,8 milhão de registros de nascimento de hospitais da Flórida, nos Estados Unidos, entre 1992 a 2015 e consideraram a identificação étnico-racial do médico responsável pelo cuidado de cada recém-nascido para a análise de mortalidade infantil.
O estudo mostrou que quando recém-nascidos negros foram cuidados por médicos negros, a taxa de mortalidade caiu de 39% a 58%. Por outro lado, quando eles foram atendidos por médicos brancos tiveram até três vezes mais probabilidade de morrer. O relatório sugere que os médicos negros cuidam melhor dos recém-nascidos negros e são igualmente capazes de cuidar de recém-nascidos brancos.
“Para famílias que dão à luz um bebê negro, o desejo de minimizar o risco e buscar atendimento de um médico negro seria compreensível. No entanto, a força de trabalho médica desproporcionalmente branca torna isso insustentável porque há pouquíssimos médicos negros para atender toda a população”, escreveram os autores do estudo.
Ainda de acordo com a pesquisa, a confiança e a comunicação entre a mãe e o médico negros podem estar ligadas a menor probabilidade da mortalidade do bebê. Supõe-se que médicos negros estão mais atentos aos fatores sociais de risco que podem impactar no cuidado neonatal. Além disso, o artigo destaca o racismo de médicos brancos em relação às mulheres negras e seus bebês, o que pode comprometer a saúde de ambos.