Os dois policiais militares que abordaram um grupo de adolescentes em Ipanema, Zona Sul do Rio, incluindo três jovens negros filhos de diplomatas, foram transformados em réus e responderão por constrangimento ilegal e ameaça. Segundo o Ministério Público que atua na Auditoria da Justiça Militar, não houve caracterização de crime de racismo.
A decisão foi tomada pelo juiz Leonardo Rodrigues da Silva Picanco, que aceitou a denúncia contra os sargentos Luiz Felipe dos Santos Gomes e Sergio Regattieri Fernandes Marinho. Na época, a abordagem provocou um incidente diplomático, e o Itamaraty pediu desculpas às famílias dos meninos.
A Polícia Civil chegou a investigar o crime de racismo, mas, em agosto, o caso foi arquivado. Segundo a polícia, os adolescentes disseram que não houve palavras de cunho racial ou discriminatória por parte dos agentes. Os jovens tem entre 13 e 14 anos de idade.
O inquérito que negou racismo afirma que os policiais, “não elegeram suspeitos com base na cor da pele, pois estavam atrás de suspeitos seguindo a descrição de vítimas estrangeiras que tinham acabado de sofrer um crime na praia de Ipanema” e que todos foram revistados sem distinção de cor. Na época os agentes disseram que procuravam adolescentes que tinham roubado dois turistas na região, e por isso abordaram o grupo.
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O caso ocorreu em julho deste ano, e os jovens estavam acompanhados de dois amigos brancos. No grupo haviam filhos de diplomatas do Gabão e de Burkina Faso. Na época, imagens das câmeras de segurança mostraram o momento da abordagem, que causou revolta nas redes e também na mãe de um dos jovens, a embaixatriz do Gabão Julie-Pascale Moudouté.