Um ano após as manifestações nos subúrbios franceses, extrema direita vence 1º turno entre protestos

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Em junho do ano passado, manifestações no subúrbio da França resultaram em 24 mil incêndios nas ruas, desencadeados pelo assassinato do jovem de origem argelina pela polícia, e contra o racismo. Com a vitória da extrema-direita no primeiro turno das eleições no último domingo (30), novos protestos voltaram a tomar as ruas do país.

Com discursos contra imigrantes e minorias étnicas, contra pessoas LGBTQIAPN+ e com políticas de “França em primeiro lugar”, o Reagrupamento Nacional (RN), da direitista Marine Le Pen e Jordan Bardella, conquistou 34% dos votos e despertou preocupação dos opositores e de camadas da sociedade que decidiram protestar.

Manifestantes protestam contra o RN com a faixa “a extrema-direita é inimiga mortal dos LGBTs”, na Praça da República, em Paris /Foto: Reprodução X

Depois das manifestações de junho de 2023, o professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Flavio Thales Ribeiro Francisco, explicou, em entrevista ao Notícia Preta que a sociedade europeia “tem votado em massa em candidatos de extrema-direita” e detalhou a situação na França.

Os estadistas franceses negam veementemente a existência de práticas racistas sistemáticas, reforçando os ideais republicanos universalistas. A experiência colonial é considerada um problema superado e não um legado na estruturação de uma relação de dominação entre “franceses nativos” e descendentes de imigrantes”.

Após as manifestações nas áreas periféricas de Paris contra as políticas reforçadas pelo RN, os franceses correm o risco de serem liderados por um governo que valida essas práticas, e apoiado por outros que defendem ideais racistas. A prova disso são cartazes que começaram a aparecer nas ruas do país, mostrando um jovem loiro, branco e de olhos azuis, com o slogan: “Vamos dar um futuro às crianças brancas”.

Segundo a imprensa local, o cartaz é de responsabilidade do Parti de la France, pequeno grupo de extrema-direita que apresenta apenas um candidato nas eleições legislativas.

Cartaz distribuído por partido francês: ‘Vamos dar um futuro às crianças brancas’ / Foto: Reprodução

O prefeito de Neuves-Maisons, Pascal Schneider, disse à AFP que apresentou uma queixa na última segunda-feira (01) ao Ministério Público de Nancy por “provocação à discriminação, ao ódio ou à violência de natureza racista”. “Esta não é uma manifestação política, é uma manifestação sectária, que demoniza, que estigmatiza”, denunciou Schneider.

Segundo o partido, pelo menos quinze cartazes com a mensagem foram fixados pela cidade entre o último domingo (30) e a segunda-feira (01), e que foi “um verdadeiro sucesso”.

Com a situação na França, 180 candidatos afirmaram que não vão participar do segundo turno no próximo domingo (07), para evitar a divisão dos votos contrários a ascensão do RN.

Leia: França enfrenta ação judicial coletiva por discriminação racial da polícia

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