O Instituto Fogo Cruzado divulgou nesta segunda-feira (01) a pesquisa “O que o Congresso Nacional fala sobre o armamento civil?”. Os dados revelam que o discurso pró-armamento tem dominado os debates no Congresso há uma década, atraindo um público cada vez mais diversificado. A cada quatro falas sobre o tema, três são favoráveis ao armamento.
Os dados foram obtidos após a análise de discursos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, entre os anos de 1951 e 2023. No total, foram estudados 1.977 discursos feitos nas duas casas legislativas sobre o tema. Conforme o relatório, entre os anos de 2015 e 2023, ocorreram 272 discursos na Câmara e no Senado, sendo 73% pró-armamento e 24% em defesa do controle de armas. Foi a primeira vez na história em que o discurso pró-armas superou a oposição.
A gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) impôs novas regras e decretos que flexibilizavam o acesso ao armamento logo no seu primeiro ano, em 2019. A nova regulamentação ficou em voga por quatro anos, até ser revogada logo no início do governo do presidente Lula (PT).
“Apesar dessa inflexão nas ações do executivo depois da derrota de Bolsonaro, houve uma institucionalização do movimento pró-armamento no Congresso Nacional. Além de dobrar a bancada, o movimento passou a se organizar, como com a criação do grupo PROARMAS, que financiou uma série de candidaturas ao Congresso”, pontua a coordenadora de pesquisa do Instituto Fogo Cruzado, Terine Coelho.
Ainda com a força do discurso pró-armas nas casas legislativas, o estudo ressalta que o armamento da população não é a solução para o problema da segurança pública do País.
“Um retrocesso ainda maior do que o que vimos em anos recentes em relação ao armamento civil será desastroso nesse contexto. O futuro que precisamos construir é de menos mortes e ele não virá com mais civis armados”, afirmou a pesquisa.
Leia também: Brasil registra aumento de conflitos no campo, aponta relatório