A Central Única das Favelas (CUFA) vai lançar, em setembro, o Fórum Mundial das Favelas na capital carioca, como parte da agenda do G20. Antes da realização do Fórum, estão sendo programadas conferências em periferias de mais de 40 países para discutir sobre combate à fome e à pobreza, redução das desigualdades, direitos humanos, assim como desafios e soluções.
Essa iniciativa pretende ampliar a comunicação entre os moradores das periferias de todos os continentes, a fim de fazer jus ao pensamento de Celso Athayde, quando diz: “Se os problemas nas periferias são globais, então as soluções também precisam ser”.
Para que todas as contribuições apuradas nas conferências sejam debatidas no Fórum Mundial das Favelas, as seletivas serão concluídas até a segunda quinzena de agosto de 2024. Os eixos a serem debatidos são os seguintes: redução das desigualdades, combate à fome e à pobreza; sustentabilidade; direitos humanos, raça e gênero; desafios globais enfrentados pelas favelas e periferias.
“Nesta primeira fase, estarei pessoalmente orientando os trabalhos nas nações, apoiando as CUFAs locais e, claro, fazendo a interface com todas as embaixadas para apoiarem essa iniciativa. Em junho, teremos a segunda fase das conferências, que começa pela sede global da CUFA nos Estados Unidos. O fato é que eu nunca pensei que aquela reunião de malucos e malucas embaixo do viaduto de Madureira fosse criar uma organização que influenciaria tantas pessoas no mundo. Vamos olhar para frente e continuar produzindo felicidade e alternativas para a base de pirâmide”, diz Celso Athayde.
A agenda oficial das conferências terá início no dia 6 de maio, em Luxemburgo, na Bélgica. A partir dessa data, as conferências percorrerão países como África do Sul; Angola; Camarões; Catar; Cazaquistão; Colômbia; Congo; Espanha; França; Grécia; Guiné; Inglaterra; Marrocos; México; Moçambique; Portugal; República; Centro – Africana; Serra Leoa; Sudão e Uruguai, entre outros.
“Estamos muito contentes em apoiar o Fórum Mundial de Favelas, que coincide com a Presidência do Brasil no G20. A parceria da UNESCO com a CUFA é antiga, tem mais de 20 anos e nos permite compartilhar com o mundo a potência das favelas, contribuindo para que o conhecimento produzido aqui esteja disponível para todos”, declarou a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
O início de tudo
As Conferências Globais das Favelas (CGF20) estão sendo planejadas desde 2022, quando Celso Athayde recebeu o prêmio de Empreendedor de Impacto e Inovação Global, concedido pelo Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Em seu discurso, Athayde afirmou que o Fórum Econômico era muito importante para o mundo, mas que ele não poderia ser o único favelado a merecer esse prêmio e, por isso, era preciso criar o fórum específico para as favelas.
“Esta decisão foi a melhor da nossa organização nos últimos anos – esta iniciativa já é um marco antes mesmo de ser realizada. Como o nosso Fórum vai acontecer em setembro, nossa equipe decidiu se unir e debater as principais contribuições dos países por meio das suas conferências. Inclusive, eu vou trazer para esse debate os resultados das conferências nas favelas da minha amada Paraíba”, explicou Kalyne Lima, presidente da CUFA no Brasil.
Qual é a diferença entre o Fórum e a Conferência?
O Fórum Mundial das Favelas é uma iniciativa que acontecerá em vários países. Sua primeira edição será no Rio de Janeiro, em setembro de 2024. Esse Fórum não tem necessariamente relação com o G20, mas este ano os dois eventos acontecem no mesmo período e é oportuno que as agendas sejam combinadas.
Por outro lado, as Conferências Internacionais das Favelas 20 (CIF20) estão sendo pensadas desde 2022 com a participação de autoridades do Brasil e da África do Sul, país que sediará o próximo G20.
Pioneirismo
A CUFA atua no Brasil há mais de 25 anos, e iniciou sua expansão global em 2015, nos Estados Unidos. As favelas são dinâmicas, resilientes e enfrentam desafios únicos em todo o mundo. Para garantir que suas vozes sejam ouvidas, e suas necessidades, atendidas, é fundamental que as favelas estejam na agenda do G20.
“Portanto, essa iniciativa da CIF20 visa destacar a importância das favelas globalmente e garantir que sejam consideradas nas decisões políticas de alto nível”, afirma Preto Zezé, membro do Conselho da CUFA Global.
A CIF20 foi criada para que as maiores economias do mundo possam discutir soluções para os moradores dos territórios de favelas em todos os continentes. As Conferências têm como objetivo debater sobre: diversidade cultural e social; combate à desigualdade; inovação e empreendedorismo; e resiliência e adaptação.
“Ao incluir as favelas na agenda do G20, os líderes mundiais podem demonstrar um compromisso real com a inclusão, com a equidade e com o desenvolvimento sustentável. Essa iniciativa vai beneficiar as favelas e contribuirá para um mundo mais justo e igualitário em termos de oportunidades para todos”, finaliza Marcus Vinicius Athayde, presidente da CUFA Global.
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