69% das escolas com melhor infraestrutura são de maioria branca, aponta pesquisa

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O Observatório da Branquitude lançou nesta terça-feira (16) o estudo A cor da infraestrutura escolar: diferenças entre escolas brancas e negras, que apresenta um panorama da desigualdade encontrada entre escolas, conforme a cor da maioria de seus alunos — branca ou negra —, no que se refere à disponibilidade de instrumentos e recursos de infraestrutura essenciais à formação do indivíduo,.

Um dos principais resultados da análise revela que escolas de educação básica com melhor infraestrutura no Brasil reúnem em sua maioria alunos brancos, 69% do total. Enquanto isso, em escolas de maioria negra, mais da metade não possui biblioteca (50,2%), laboratório de informática (53,1%) e quadra de esportes (51,7%). 

O estudo mostra que as escolas com predominância negra são as com menos estrutura – Foto:

Ao olhar especificamente para o nível 1, grau onde as condições socioeconômicas das famílias são precárias, foram encontradas 13 unidades escolares. Nelas, a maioria dos alunos é negra, e as escolas estão concentradas no Norte e Nordeste do país, em estados como Amazonas, Pará e Amapá e Maranhão. Em todas elas não há coleta de lixo, e rede de esgoto, além de um terço das unidades também não ter acesso à água potável. 

Na outra ponta, estão os alunos que se enquadram no nível 7 do Inse, um total de 32 unidades escolares, localizadas em sua maioria em áreas urbanas distribuídas sobretudo na região Sul do país: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mas também no Sudeste, em estados como São Paulo e Minas Gerais. Neste grupo, mais de 70% das escolas têm biblioteca, coleta de lixo, laboratório de informática e quadra de esportes, além do acesso garantido à água potável. 

Carol Canegal, coordenadora de pesquisa do Observatório da Branquitude, destaca a motivação do estudo. “Infelizmente o futuro de muitos estudantes tem sido afetado pela falta de estrutura básica e pela displicência do poder público ao olhar para a realidade. Com esta publicação pretendemos contribuir de forma mais ampla com a agenda de enfrentamento de desigualdades, dentre elas as raciais, na educação básica”, reforça.  

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Para a analista de pesquisa do Observatório da Branquitude, Nayara Melo, a porta de entrada da desigualdade está na educação básica. “A desigualdade está ali já na primeira escola que a criança entra. Isso é muito tocante. Se a pessoa já começa a estudar com esse cenário de desigualdade toda a sua formação será marcada por essa desvantagem. E o financiamento dessas escolas não é só do governo federal, as escolas municipais são extremamente fragilizadas e esse déficit leva a uma soma de desigualdades”, conclui.

Sobre Observatório da Branquitude

Fundado em 2022, o Observatório da Branquitude é uma iniciativa da sociedade civil dedicada a produzir conhecimento e incidência estratégica com foco na branquitude e suas estruturas de poder, materiais e simbólicos. Contando com uma equipe integralmente negra, multidisciplinar e com paridade de gênero, o Observatório da Branquitude é a primeira organização da sociedade civil que tem centralidade temática na análise da identidade racial branca e suas estruturas de poder.

 

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