A Argentina vive a sua pior crise econômica em décadas. De acordo com informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) esta semana, o país registrou a inflação mais alta do mundo pelo terceiro mês seguido. Fevereiro terminou com a inflação em 13,2%, depois de dezembro fechar em 25,5%, e janeiro em 20,6%.
A inflação no país sul-americano teve um aumento de 276% nos últimos 12 meses, e continua em níveis altos desde o início da década de 1990, quando o povo argentino saía de uma hiperinflação. A Argentina segue com a pior marca do mundo, depois de passar a Venezuela (85%) e o Líbano (177%). Além disso, um estudo realizado pela Universidade Católica Argentina, mostra que a pobreza no país atinge 57,4% da população.
Em comparação com os 49,5% registrado em dezembro de 2023, sendo o maior percentual em 20 anos, referindo-se a 27 milhões de pessoas. A extrema pobreza também teve uma alta de 14,2%, em dezembro, para 15% em janeiro.
Com o Governo Milei, o peso desvalorizou mais de 50% em dezembro do ano anterior, o que ocasionou de forma significativa o aumento da inflação. Os preços, mesmo em dólares, começaram a subir.
Os argentinos estão sentindo o peso desse crescimento em diversos setores. A alta dos preços de fevereiro foi puxada pelas comunicações (24,7%), transporte (21,6%) e moradia, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (20,2%).
Em relação aos alimentos e bebidas, a principal preocupação do cotidiano das classes baixa e média argentinas, registraram um aumento de 12% no mês passado, abaixo da média geral. Segundo relatos recentes, várias famílias estão cortando itens da lista do mercado e até refeições completas, pois não conseguem pagar pela comida.
“Temos alguns contêineres nos fundos onde o lixo é descartado, e, quando você vai com uma caixa, vê 20 pessoas vindo ver o que podem levar como prato de comida para a mesa delas”, disse Sandra Boluch, vendedora de frutas e verduras em Buenos Aires, para a Agência Reuters. Segundo ela, essas situações eram recorrentes, porém, agora ela observa um número maior de pessoas buscando alimentos.
“A verdade é que é algo muito difícil, muito triste, porque há inúmeras pessoas e muitos idosos”, acrescenta Sandra.
Leia também: Argentina: miséria cresce com taxa de pobreza em quase 60%