A atriz Belize Pombal deu vida a personagem Quitéria, mãe de Maria Santa (Duda Santos) na primeira fase da nova versão da novela “Renascer”, da TV Globo. Em entrevista exclusiva ao Notícia Preta, a atriz que também é cantora, compositora e dramaturga falou sobre sua experiência em fazer sua primeira novela, e as possibilidades que acontecem por conta da história de Quitéria, que lida com um marido violento, o Venâncio (Fabio Lago).
“Eu acho que a própria densidade do que é vivenciado ali, que são questões que ainda percorrem a nossa sociedade, mas são questões não muito discutidas pois lidam com feridas muito profundas, com relação a Quitéria, tem uma questão da nossa história como sociedade em relação a mulher. Com o passar do tempo nós conquistamos a possibilidade de abordar alguns assuntos com maior translucidez“, explica Belize.
A atriz também aponta uma diferença no comportamento da personagem da primeira versão, escrita por Benedito Ruy Barbosa, para a segunda, escrita pelo neto dele Bruno Luperi, e atribui essa diferente abordagem ao momento que a sociedade vive.
“Tem a ver com o nosso momento coletivo, social e histórico, e com as diferentes questões daquela família. E ela é uma mulher que transita entre momentos que essa opressão é muito revelada e atuante no comportamento dela, e outros momentos de enfrentamento, então tem essa riqueza que transita entre polos que traz muita humanidade para ela, pois todos nós temos muitas camadas, e de alguma forma promove mais identificação com o público“, conta a atriz.
Na história, além de violento com a mulher e as filhas, o marido também abusa delas. Para a atriz, este núcleo familiar que também inclui uma outra filha que não chega a aparecer na trama, a Marianinha, tem a missão de evidenciar temas urgentes e delicados, segundo ela, com “maior bravura e honestidade”.
A história forte dessa família foi bastante acolhida pelo público, rendendo vários comentários positivos a cerca da interpretação de Belize. “Eu me sinto muito grata com a recepção do público, os comentários, a forma como o meu trabalho tem sido recebido e visto. A gente faz esse trabalho para compartilhar com as pessoas, e ele ganha muito mais sentido nessa partilha com o público“, conta.
Processo de preparação
A atriz que começou a atuar aos 11 anos e é formada pela Escola de Arte Dramática- USP, já trabalhou com TV antes na série Justiça 2, conta a experiência de trabalhar com novela pela primeira vez. “Fazendo a novela eu tive a oportunidade de confirmar ainda mais esse amor e respeito pelo fazer artístico, e uma admiração muito profunda pelos meus parceiros de trabalho“, pontua ela, que também destaca sua admiração pelos profissionais de modo geral, do audiovisual.
“Quando você fica um pouco quietinha no canto observando tudo acontecer com aquela agilidade e entrega, é muito bonito e comovente“, conta a atriz.
Para ela, a Quitéria tem muitas camadas, apresentando diferentes temperamentos e emoções, de acordo com a forma que ela lidava com o que acontecia.
“Então foi um exercício muito rico, pois era tudo muito profundo, chegava a ser denso pela história da família, e nós tínhamos esse exercício artístico de investigação em um curto período de tempo, para achar essas possibilidades e compartilha através da expressão, das cenas, o que ocorria no interior de cada um dos personagens“.
A atriz também compartilha a importância do período de preparação, para a construção dos personagens. “Nos permitiu um processo investigativo, leitura, encontros em que nós passávamos em diferentes dinâmicas, trabalhando desde o sotaque até essa descoberta do corpo, e trabalho com o texto“.
Leia também: “A gente foi muito carente desse lugar durante muito tempo”, diz Duda Santos protagonista de Renascer