Esta semana a jogadora multicampeã Fabi Claudino, cobrou um posicionamento da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) sobre os casos de racismo que aconteceram durante duas partidas de vôlei, na última semana. “Não dá para aceitar mais, se não isso não vai parar. Então não tente duvidar quando uma pessoa chegar e falar que está sofrendo um crime, porque racismo é crime. CBV, acorda e dá um jeito nisso aí. A gente precisa se proteger”, disse a atleta.
No vídeo, a jogadora cita um vídeo em que três atletas do Tijuca Tênis Clube, do Rio de Janeiro, relatam um episódio de racismo que teria acontecido durante um jogo na última semana, em Curitiba. Nele, as jogadoras Dani Suco, Camilly Ornellas e Thaís Oliveira contam detalhes do episódio e também pediram medidas contra tais atitudes. “Isso é inadmissível“, disse Dani.
Ao lado dela, Camilly também relata sua revolta com os gritos de “macaca” e as pessoas imitando o som do animal, no momento que a jogadora ia fazer o saque. “É uma coisa inadmissível, porque é uma coisa que se a gente não falar, vai acontecer de novo. Dói na gente”, afirmou a jogadora.
“Cadê o respeito ao atleta? A menina sofreu racismo dentro do ginásio e ninguém fez nada. Alguma coisa precisa ser feita, se não isso não vai parar“, reforçou Fabi, que no vídeo, também cobra o pensionamento dos próprios atletas, e dos times.
O outro caso de racismo aconteceu no último sábado (27). O treinador do América-RN levou cartão vermelho ao parar a partida para denunciar que foi chamado de macaco por um torcedor, em Goiânia, também em uma partida da Superliga B.
Entenda o caso das atletas do Tijuca Tênis Clube
O jogo do Tijuca Tênis Clube x Curitiba Vôlei, pela Superliga B feminina, foi no Círculo Militar do Paraná, na última sexta-feira (26). Nele, as jogadoras Dani Suco, Camilly Ornellas e Thaís Oliveira, relataram ao árbitro e ao delegado da partida, as ofensas racistas que ouviram ao longo da partida.
Em video postado no Instagram de Dani, ela contou o ocorrido junto às outras duas atletas:
“No segundo set, teve um rally, nós ganhamos, e eu fui para o saque e no momento em que eu estava batendo a bola, eu escutei, em alto e bom som, barulhos de macaco mesmo. Imediatamente ali eu não acreditei, olhei para trás e vi que eram muitas pessoas, mas não consegui identificar ninguém. Quando eu saí da quadra fui perguntar para as meninas se elas tinham escutado e elas realmente tinham escutado”, contou Dani.
Thaís afirma que demorou a entender o ocorrido, mas que depois também ouviu gritos de “macaca” vindo da torcida do Coritiba Vôlei.
Dani disse ter falado aos responsáveis da partida o que ouviu, mas o jogo continuou, sem relatar o caso na súmula da partida, como ela pediu. Segundo ela, a justificativa para a negativa foi de que a súmula seria apenas pra relatar situações do jogo. A atleta gravou vídeo ao lado de um torcedor que confirmou ter ouvido os xingamentos.
A também multicampeã, Fernanda Garay comentou na postagem de Dani, revoltada com a situação. ”Impressionante como a impunidade faz com que essas atitudes criminosas aconteçam”, escreveu.
Em nota, o Curitiba Vôlei manifestou repúdio ao racismo, e informou ter entregue o material de vídeo e áudio da partida a Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos de Curitiba (DEMAFE). O clube solicita abertura de inquérito na polícia para investigar o caso.
Segundo caso
Em Goiânia, o treinador da equipe do América-RN, Alessandro Fadul, parou a partida contra o Goiás para denunciar racismo. Ele relatou ao árbitro que foi chamado de “macaco” por um torcedor, mas o árbitro acabou dando cartão vermelho para o técnico, o que dá um ponto ao time adversário.
Alessandro protestou em seu Instagram e recebeu mensagens de solidariedade e apoio de amigos e fãs do esporte. Mensagens como “diga não ao racismo” podem ser vistas na postagem do técnico.
O Notícia Preta entrou em contato com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), mas até o fechamento da matéria, não recebeu nenhuma resposta.
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