Médico que filmou caseiro acorrentado é condenado a pagar indenização de R$ 300 mil por racismo

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Na última segunda-feira (27), o médico Márcio Antônio Souza Junior, que filmou um homem negro que trabalhava como caseiro, acorrentado pelos pés, mãos e pescoço em uma fazenda, foi condenado a pagar R$ 300 mil em indenização por cometer crime de racismo. O vídeo foi publicado nas redes sociais, gerando repercussão nacional e internacional.

Nas imagens, gravadas na Fazenda Jatobá, em Goiás, o médico aparece ironizando a situação do funcionário que recebia um salário mínimo para fazer serviço pesado. “Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”, disse o médico enquanto filmava o homem acorrentado. A defesa do médico afirma que ele é inocente e que recorrerá da condenação.

Reitera ser inocente e que nao teve qualquer intenção de ofender, menosprezar, discriminar qualquer pessoa ou promover esse tipo de atitude, inaceitável em nossa sociedade. Recorrerá contra essa injusta condenação ao Tribunal de Justiça“.

Do lado esquerdo o médico, que pagará a indenização. Do lado direito, o homem no vídeo /Foto: Reprodução Instagram

O caso aconteceu em 15 de fevereiro de 2022, e o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) foi acionado. Na fazenda, foram apreendidas uma gargalheira (objeto utilizado para aprisionar pessoas escravizadas pelo pescoço) e correntes para mãos e pés.

A juíza Erika Barbosa Gomes Cavalcante, da Vara Criminal da comarca de Goiás, argumentou que fico comprovado que Marcio tinha intenção de ferir a dignidade do caseiro, com atitude preconceituosa e discriminatória.

“O vídeo é explícito ao retratar o racismo, já que o caso reforça o estereótipo da sociedade, com o grau de racismo estrutural. Não faz diferença se o caso se trata de uma brincadeira, já que no crime de racismo recreativo, por ser crime de mera conduta, é analisado o dano causado à coletividade, e não o elemento subjetivo do autor”, pontuou Barbosa.

A magistrada explicou que o acusado assumiu o risco ao produzir o vídeo e o resultado lesivo foi enorme para a comunidade negra, que se sentiu extremamente ofendida, já que há um vídeo de representação da senzala e a condição do negro.

É notório que toda a população negra foi ofendida, de modo que a indenização não se restringe à esfera individual, mas à toda coletividade, o que gera o dever de indenizar em danos morais coletivos”, disse, também condenando o médico à prisão.

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