Exposição “Vidas em Cordel” aprofunda histórias de vida de pessoas negras em cordéis e xilogravuras

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Público pode conferir exposição até o dia 9 de dezembro no Pelourinho

Expandir a compreensão sobre as trajetórias de vidas de pessoas negras, com a cadência musical da literatura de cordel, é uma das experiências proporcionadas pela exposição “Vidas em Cordel”. A exposição fica em cartaz no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (MAFRO), em Salvador, até o dia 9 de dezembro.

“Vidas em Cordel” conta com quatro histórias de vida de negritude dentro das treze narrativas individuais, apresentadas como obras literárias, ao mesmo tempo épicas e cotidianas. A expeosição é uma homenagem à arte de ouvir e contar histórias.

A iniciativa do Museu da Pessoa, um dos primeiros museus digitais do mundo e dedicado à difusão de histórias de vida, é uma forma de valorizar o legado da cultura popular brasileira através de narrativas individuais, como uma herança a ser transmitida e sempre reapropriada.

Xilogravuras dos baianos Dona Dalva Damiana e Germano de Araújo

A expografia física de “Vidas em Cordel” é composta por trechos das histórias cordelizadas, distribuídos em grandes painéis ilustrados com xilogravuras, minibios das figuras que são retratadas nos cordéis e textos sobre a cultura do cordel. Além disso, o público encontrará QR codes interativos, um espaço instagramável para registrar sua passagem pela exposição e marcar o @museudapessoa, e um carrinho com distribuição gratuita dos cordéis impressos.

As pessoas que visitarem a exposição vão conhecer mais sobre a história de personagens como Dona Dalva Damiana, referência do samba de roda do Recôncavo Baiano. O cordel “Dona Dalva: sambadeira imortal” conta sobre a matriarca da Irmandade da Boa Morte, que nasceu em 1927 e, depois de trabalhar a vida inteira como charuteira, tornou-se a primeira doutora Honoris Causa da cidade de Cachoeira (BA).

Outro nome negro da Bahia é Germano de Araújo, cuja história de vida é o foco narrativo do cordel “Germano Araújo, o homem mais velho do mundo”. Nascido em Vitória da Conquista (BA), em 22 de agosto de 1875, fruto da união de um homem africano e uma mulher indígena, ele passou a infância trabalhando na agricultura. Tornou-se vaqueiro profissional e viveu seus últimos anos na Vila Missionária, em São Paulo, onde morreu no ano de 1999.

A poetisa mineira Tula Pilar (1970-2019) marcou a cena literária do Brasil e tem sua trajetória narrada no cordel “Tula Pilar: uma rainha da poesia”. Natural de Leopoldina, em Minas Gerais, a escritora teve experiências como empregada doméstica e passadeira até descobrir a sua vocação de poeta. A partir da inspiração em Carolina Maria de Jesus, era responsável pela organização do sarau “Cadin de coisa”, que misturava culinária mineira e arte. Entre as suas obras, estão os livros “Palavras Inacadêmicas (2004) e “Sensualidade de fino trato” (2017).

Já o cordel “Roberta Estrela D’Alva: o mistério de Ogum” desenrola-se em torno de Roberta Marques do Nascimento. Nascida em Diadema (SP), em 1978, ela é diretora de teatro, atriz, produtora cultural e poeta. Filha de uma paulista com um cearense, cresceu ouvindo da avó paterna histórias de Lampião e Maria Bonita. Ingressou na Universidade e viajou ao lado de Angela Davis, em uma trajetória épica que inclui, ainda, um Prêmio Shell de Teatro.

A curadoria de “Vidas em Cordel” é assinada pelo poeta e cordelista Jonas Samaúma, o cordelista e pesquisador do folclore brasileiro Marco Haurélio, e a xilogravadora Lucélia Borges. A arte da xilogravura desempenha um papel essencial na exposição. Cada gravura foi cuidadosamente esculpida pela curadora Lucélia Borges, ao lado de Artur Soares, artista convidado para compor a equipe de construção visual dos cordéis.

Sobre o Museu da Pessoa

O Museu da Pessoa (www.museudapessoa.org) é um museu virtual e colaborativo fundado em São Paulo em 1991, com o objetivo de registrar, preservar e transformar histórias de vida de toda e qualquer pessoa em fonte de conhecimento, compreensão e conexão. O Museu da Pessoa conta com um acervo de mais de 18 mil depoimentos em áudio, vídeo e texto e cerca de 60 mil fotos e documentos digitalizados de brasileiros e brasileiras de todas as regiões, idades, classes e atividades. Desde seu início, sua plataforma virtual contabiliza mais de 2.500.000 acessos únicos.

SERVIÇO

O quê: “Vidas em Cordel” | Museu da Pessoa

Quando: 19 de outubro a 9 de dezembro

Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h (exceto feriados)

Onde: MAFRO (Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia)

Terreiro de Jesus, s/nº – Centro Histórico (Pelourinho)

Quanto: R$10 (inteira) e R$5 (meia)

Gratuidade para crianças de até 5 anos (acompanhadas dos pais ou responsáveis) e para estudantes e professores da Rede Pública e Comunidade da UFBA.

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