“Queremos construir escolas para construir menos presídios”, diz ministro Silvio Almeida em evento da CUFA

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O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, participou da inauguração da nova sede da Central Única das Favelas (CUFA), no Complexo da Penha (RJ), nesta quarta-feira (27). No evento, que marcou o início de uma parceria do ministério com a CUFA, o ministro afirmou que o governo quer “construir escolas, para cada vez menos construir presídios”.

Durante o evento o Notícia Preta questionou o ministro acerca do debate sobre a relação entre educação e segurança pública, na promoção dos direitos humanos. “Acho que a discussão sobre a relação entre presídios e educação, se desenvolve dentro dessa linha. Não tenha dúvida que a construção de presídios é um sintoma de uma sociedade que fracassou, o que nós queremos fazer, é construir escolas pra cada vez menos construir presídios”, afirma Silvio Almeida.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) coletados em 2022 apontam que uma pessoa presa custa, em média, R$ 1,8 mil mensais ao país. Já um aluno da educação básica, – de acordo com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), recebe um investimento de cerca de R$ 470,00 por mês, valor quatro vezes menor.

O ministro dos direitos humanos conversou com os morados do Complexo da Penha durante o evento /Foto: Marinara Britto

Um dos fundadores da CUFA, Celso Athayde falou em exclusiva ao NP sobre como as favelas são violentadas, segundo ele, normalmente pelo Estado. Tanto pela força, ou até pela ausência dele.

A CUFA está em 5 mil favelas no país e este projeto unidade da Penha pretende fazer com que 8 mil pessoas de todas as idades possam circular diariamente pelas instalações. É uma oportunidade ímpar dar uma contribuição, mas não viemos dar soluções para o Complexo da Penha, o que vamos fazer é contribuir com os parceiros que temos, trazendo novos parceiros e consolidar os que eles já tem. Queremos tentar fazer com que”, disse ele.

Na nova sede, a CUFA vai oferecer atividades de lazer, esporte, educação e empreendedorismo popular para a região que reúne 13 favelas, com capacidade de atender 8 mil pessoas. Segundo o ativista e empresário, a comunidade cobra da organização da CUFA, que repassa as cobranças ao poder público.

Espero que os moradores cobrem da gente a cobraremos o poder público, que é quem recebe os impostos, porque é importante entender que todas as pessoas que moram na favela quando vão no supermercado, no shopping center, em um jogo de futebol por exemplo, pagam impostos e parte desses impostos precisa voltar pra esses territórios, e eles não voltam. É muito importante a potência dessas pessoas ser valorizada. Esse núcleo é uma célula de um grande processo de massificação de identidade que queremos contribuir“, disse Celso.

Inauguração

Durante o evento, o ministro Silvio Almeida visitou as salas do projeto ao lado de Celso Athayde. Apareceu na aula de inglês, de zumba, de ballet, e assistiu as apresentações da turma de modelos infantis. No final do evento, ao lado do presidente global da CUFA, Preto Zezé, o ministro encerrou sua participação com uma informação sobre os próximos passos de seu ministério.

Silvio anunciou a formalização de um projeto que levará políticas de prevenção e combate à violência, política para crianças e adolescentes, para pessoas com deficiência e anunciou o lançamento do edital “Periferias”, que investirá R$1,8 milhões em melhorias para idosos periféricos.

O ministro também assinou um termo, em que o ministério se compromete a destinar recursos e estrutura para a CUFA do Complexo da Penha.

Ministro com o termo assinado de cooperação entre o Ministério dos Direitos Humanos e a CUFA /Foto: Marinara Britto

O ministro informou que este é o primeiro de muitos que serão feitos. Segundo ele, a experiência tocada na CUFA do Complexo da Penha, servirá de exemplo para outras experiências que o governo federal tem, em alianças com as favelas e as comunidades do Brasil.

Hoje o ministério dos direitos humanos junto a CUFA, firma uma parceria formal, pra que o ministério dos direitos humanos traga aquilo que o Complexo da Penha precisa pra se organizar ainda mais. Vamos ajudar o povo brasileiro a se organizar, algo diferente da dinâmica que o estado brasileiro tem feito, que é desorganizar o povo brasileiro. Nós vamos ajudar o povo brasileiro a se organizar, e aprender com ele a levar aquilo que é produzido nos territórios, para que se torne política pública, e assim mudar todo o brasil”, disse o ministro Silvio Almeida.

A atual secretária de Meio Ambiente e Clima do Rio, a vereadora Tainá de Paula saudou a iniciativa , ela acredita que “é um aceno muito significativo ter um ministro de estado no coração de um grande complexo de favelas, onde teremos escola, cursos de capacitação, a discussão aqui vai em outro sentido que é a vida, é falar da juventude negra no mercado de trabalho, se reintegrando, há uma discussão de sociabilidade e dignidade, os processos de humanização da população negra”, disse ela.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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