A atriz Flávia Souza falou com o Notícia Preta sobre o desafio de interpretar a Tia Natalina – que criou o cantor Buchecha – no filme “Nosso Sonho“, que conta a história da dupla de funk melody Claudinho e Buchecha, e que chega aos cinemas nesta quinta-feira (21).
“Até os dias de hoje mulheres negras temem pelas vidas dos jovens e homens negros”, disse a atriz analisando as dificuldades das mulheres negras no dia a dia, com seus filhos e sobrinhos. O filme mostra que a dupla é rodeada por mulheres negras, e a atriz entende que desde sempre essas mulheres sempre contribuíram para a formação entre os seus desde o ventre, nas políticas públicas e em diferentes áreas.
“O mais incrível é que isso acontece espontaneamente sem posicionamento político ou instrução acadêmica. Isso é mãe África. Na vida desta dupla não foi diferente, rodeados de mulheres negras, guerreiras que seguraram suas cabeças, que lhes deram força e amparo. Assim como suas mães, tias, esposas, irmãs etc…” disse Flávia.
Flávia acredita que mesmo depois de libertas após o período da escravidão, as mulheres negras continuaram ocupando predominantemente o serviço doméstico. Segundo ela, não tiveram outras oportunidades e acabaram seguindo o mesmo ramo de trabalho que realizavam quando eram escravizadas.
“Eram poucos os homens que conseguiam um trabalho remunerado, a maioria era preso, marginalizado e mortos sendo assim mulheres negras apoiavam psicologicamente e seguravam o rojão desde lá. Mulheres negras são vítimas de uma sociedade opressora e machista, mas que não deixa de lutar por uma vida com liberdade e igualdade. Assim até os dias de hoje mulheres negras temem pelas vidas dos jovens e homens pretos e esta memória afetiva de cuidados permanece até os dias de hoje”, disse a atriz.
Ela conta que viu a dupla nascer e que fazer parte do elenco, para ela, foi como voltar a época da juventude. A atriz foi convidada por Tatiana Tibúrcio pra estar na preparação e fazer as coreografias da dupla. Ela relembra que eram danças que ela fazia há anos, e que isso remexeu com suas emoções.
Na exclusiva a atriz disse que foi um grande presente do diretor, e da vida, interpretar a tia de Buchecha. “Tia Natalina é a representação das tias, mulheres negras de comunidade que com o pouco que tem tudo se divide, dando amor e verdadeiramente segurando a mão da outra, da mãe que precisou e confiou que seu filho, por que somos nós por nós. Aquilombamento e acolhimento”, disse ela.
Ela projeta que o público receba a obra com muita empatia, inspiração, alegria, ritmo e emoção, um verdadeiro misto de sensações, e que “formem ônibus de galeras, funk da antiga e nova geração unidas no cinema valorizando o nosso cinema, a nossa estética e principalmente a nossa história enaltecendo essa dupla querida Claudinho e Buchecha e tantos outros”.
Para assistir o trailer do filme que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (21), clique aqui.
