Como aliviar os sintomas da TPM

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Por Dr. Saulo Gonçalves – Nutricionista Clinico

A dismenorréia, ou cólica menstrual, é dor ou desconforto com a menstruação que se é caracterizada dor pélvica em cólicas que começam antes ou no início da menstruação, persistindo de 1 a 3 dias. A fisiopatologia da dismenorreia primária não está completamente esclarecida, mas uma teoria para explicá-la é o aumento da secreção de prostaglandinas no sangue menstrual, que intensifica as contrações uterinas normais. As prostaglandinas aumentam as contrações do miométrio e a vasoconstrição uterina, piorando a hipóxia uterina normalmente associada à menstruação. Essas combinações de contrações musculares intensas e hipóxia causam a dor intensa. Além disso, hormônios associados ao estresse, como a adrenalina e o cortisol, parecem influenciar a síntese de prostaglandinas, o que sugere que o estresse pode ter tanto efeitos diretos como secundários sobre as concentrações de prostaglandinas no miométrio, provocando, desta forma, as cólicas menstruais.

A alimentação possui grande influência nos sintomas da TPM, que são a irritabilidade intensa, humor depressivo, retenção hídrica com ganho de peso, dor de cabeça, fadiga, mudança no apetite e comportamento alimentar, incluindo as cólicas, pois algum nutriente pode estar em excesso ou escassez no organismo. A ingestão de nutrientes específicos como vitamina B3, B6, E e C, magnésio, cromo e ômega 3 têm demonstrado efeito benéfico em alguns casos.

Uma dieta alimentar rica em carboidrato complexo e pobre em proteínas, na fase de pico da TPM, causam um aumento da síntese de serotonina e melhoram os sintomas como irritabilidade, depressão, tensão, ansiedade, entre outros. Logo, o desejo por doces, como chocolate, seria uma forma inconsciente de melhorar seu estado aumentando os níveis de serotonina e resgatando o equilíbrio.

Abaixo, uma lista de nutrientes e alimentos que podem diminuir as cólicas menstruais e os sintomas da TPM.

Dr. Saulo Gonçalves fala os alimentos que ajudam a aliviar os sintomas da TPM /Foto: Divulgação

Vitamina B3: atua modulando a ação de hormônios sexuais e os sintomas da TPM. Os alimentos fontes são: levedura, carnes magras de bovinos e de aves, fígado, leite, gema de ovos, cereais integrais, vegetais de folhas (brócolis, espinafre), aspargos, cenoura, batata- doce, frutas secas, tomate, abacate, cereais integrais.

Vitamina E: Estimula a liberação de endorfinas e pode minimizar a liberação de prostaglandinas pró inflamatórias, diminuindo a cólica menstrual. O ideal é iniciar o consumo antes da menstruação, mas estudos mostram que doses elevadas de vit. E pode diminuir a dor após o consumo. Encontrada em vegetais de folhas verdes, gérmen de trigo e sementes.

Vitamina B6: é uma coenzima na biossíntese da dopamina e serotonina e pode estar envolvida na ecologia da TPM. Alguns estudos mostram que a terapia com a vitamina B6 está associada à melhora da depressão em mulheres tomando contraceptivos. Outros estudos mostram que a deficiência de vitamina B6 e magnésio pode ser responsável pelo estresse e desequilíbrio hormonal. São alimentos fonte de vitamina B6: banana, aveia, batata, gérmen de trigo, carnes e nozes.

Magnésio: possui forte ação analgésica. Diminui a liberação de prostaglandinas e pode relaxar a musculatura uterina diminuindo as cólicas menstruais. Encontrado em vegetais de cor verde como espinafre e couve, abacate, uva, banana, leite de soja, nozes, gergelim.

Cromo: Potencializa a ação da insulina e influencia o metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios. Desse modo, ajuda a reduzir o desejo de comer doces. Alimentos fonte: levedo de cerveja, as ostras, o fígado e as batatas.

Ômega 3: possuem propriedades an; inflamatórias que atuam aliviando a dor. São encontrados na sardinha, salmão e atum. Além disso, os peixes são ricos em vitamina D que ajuda na absorção de cálcio. Estudos indicam que o ideal é manter uma alimentação rica em vitamina D ao longo do mês para diminuir os sintomas da cólica e da TPM.

Laticínios: O cálcio alivia os sintomas das cólicas menstruais pois atua reduzindo as contrações musculares do útero. Os laticínios com pouca gordura, como por exemplo iogurte desnatado, é uma opção para regular os níveis de cálcio no organismo e diminuir os sintomas da cólica menstrual.
Dentre os alimentos citados que aliviam a cólica menstrual, existem alimentos que estão relacionados a piora dos sintomas. Nesse período é bom evitar:

Cafeína: tem propriedades estimulantes que podem aumentar a irritabilidade. Pode ser encontrada no café, refrigerantes, chá verde e chá preto. Embu7dos, enlatados, refrigerantes diet e sal: possuem altas
concentrações de sódio que provoca a retenção de líquidos e inchaço. A ingestão de sal, açúcar e sódio em excesso elevam o grau de retenção hídrica decorrente TPM, logo se preconiza a limitação da ingestão nessa fase.

Gordura saturada: Aumenta a produção de prostaglandina que pode aumentar a sensibilidade. Presente nas frituras, carne vermelha, margarina e manteiga.

É aconselhável manter uma alimentação balanceada durante todo o mês para que a ingestão desses alimentos surte efeito no organismo. Além da alimentação, é recomendado a prática de atividade física, pois pode melhorar o fluxo sanguíneo pélvico, bem como estimular a liberação de betaendorfinas que agem como analgésicos inespecíficos; técnicas de relaxamento e repouso se os sintomas forem
agudos.

Há também evidências de que o óleo de prímula e o óleo de borragem podem ser benéficos para o tratamento de sintomas da TPM, dentre eles, a dismenorréia.

Óleo de prímula: extraído das sementes da planta conhecida como prímula ou “evening primrose”, da família botânica das Onagraceae, pertencente a espécie Oenothera biennis. A planta é nativa da América do Norte e, hoje, encontra-se espalhada ao redor do mundo. Seu mecanismo de ação se dá pelo ácido linoleico, presente no óleo de prímula sob a ação de enzimas, que transforma-se no ácido gamalinolênico (GLA) que é facilmente convertido a prostaglandinas da série E1. As prostaglandinas de série E1 (PGE1) são substâncias com propriedades antinflamatória, que exercem efeito regulador dos hormônios sexuais femininos, estrógenos, progesterona e prolactina. A PGE1 parece também ter alguma influência na moderação dos neurotransmissores no cérebro jovem (sobretudo, serotonina e dopamina), provocando mudanças positivas no estado de ânimo e no impulso de hiperatividade motora. Através de seu princípio ativo, o ácido gama- linolênico, o óleo de prímula é empregado no tratamento de toda e qualquer condição para as quais as prostaglandinas (PGE1) seriam benéficas. Entre essas estão a tensão pré- menstrual.

Óleo de borragem: Borago officinalis, pertence à família Boraginaceae, tem origem no mediterrâneo e sul da Europa, mas está aclimatada em várias partes do mundo. A parte utilizada na medicina tradicional é o óleo, extraído a parte das sementes. O óleo de borragem é rico em ácido gama-linolênico (GLA), que desempenha papel importante na síntese de prostaglandinas, as quais apresentam propriedades an;-inflamatórias e imunorreguladoras. Vários relatos de literatura, sugerem seu uso como auxiliar no tratamento dos sintomas da TPM.

Vit D: Estudos recentes indicam que metade das mulheres brasileiras sofre com cólicas no período menstrual. Recém-publicada no Archives of Internal Medicine, um novo estudo sugere que o caminho para amenizar os sintomas pode estar na vitamina D. De acordo com pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital in Boston, nos Estados Unidos, o consumo de alimentos ricos em vitamina D seria capaz de reduzir as dores em até 41%.

Os cientistas explicam que a vitamina D é indicada para o tratamento de inflamações e dores, incluindo as cólicas menstruais.

Eles recomendam que as mulheres conversem com seus médicos sobre a possibilidade de ingerir suplementos de vitamina D. A exposição ao sol, nos horários recomendados, também contribui para a produção de vitamina D.

Ainda são necessários novos estudos, já que esta é a primeira pesquisa a relacionar cólicas menstruais e vitamina D, mas o estudo indica mais um novo caminho no tratamento do problema.

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