96% dos moradores de favelas utilizaram o auxílio emergencial para comprar comida, revela estudo

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foto: Amanda Perobelli/ Reuters

O levantamento foi realizado pelo Data Favela, em parceria com o Instituto Locomotiva e a Central Única de Favelas (Cufa)

Com a pandemia de Covid-19, diversas pessoas ficaram sem renda mínima para a compra de itens básicos e o auxílio emergencial foi o único meio de sustento para muitas famílias em meio a um cenário de desemprego. A pesquisa mostra que 96% dos moradores de 239 favelas de todos os estados brasileiros utilizaram o dinheiro do benefício para a compra de alimentos. A análise aconteceu entre os dias 19 e 22 de junho de 2020. A amostra considera 3.321 entrevistas.

Diferentemente do que discursa o senso comum sobre o uso do auxílio emergencial pelos moradores de favelas e periferias – que a grande maioria estaria utilizando o valor de R$ 600 para sustentar bebidas e festas – o levantamento demonstra que os gastos com o auxílio foram direcionados, principalmente, para a compra de alimentos e de produtos de higiene. 

O Brasil possui 13,6 milhões de pessoas morando em favelas, quantidade suficiente para formar o 5º maior estado do país. A grande parte dos moradores é negra e dados deste estudo também revelaram que 80% das famílias estavam sobrevivendo com menos da metade da sua renda de antes da pandemia.

A volta do auxílio emergencial

O auxílio emergencial está no centro das discussões políticas nos últimos dias. Há expectativa de que o Governo Federal pague quatro novas parcelas, no valor de R$ 300 ou de R$ 250. Além dessas mudanças, segundo o Ministro da Economia Paulo Guedes, a quantidade de beneficiários cairia de 65 milhões para cerca de 30 milhões.

 No entanto, a oposição vem criticando a maneira pela qual o benefício seria pago nesta nova fase. O texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), do senador Marcio Bittar (MDB- AC), que recria o auxílio emergencial, não impõe gasto mínimo para educação e saúde. Ou seja: caso a iniciativa seja aprovada pelo Congresso Nacional, parlamentares terão que decidir anualmente os valores dos investimentos que serão direcionados a essas duas pastas. Atualmente, a União, os Estados, Distrito Federal e municípios possuem montante mínimo arrecadado dos impostos que devem ser aplicados na educação e saúde. 

A deputada estadual Renata Souza demonstrou a sua indignação com a PEC. Ela escreveu em seu perfil no Twitter: “É escandalosa a tentativa de vincular o corte de gastos em saúde e educação para a manutenção do auxílio emergencial. A população está passando fome. Estamos falando de vida, não de números. A conta da crise não pode ser paga pelos mais pobres!”

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