61% dos brasileiros são contra exploração de petróleo na Foz do Amazonas

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A maioria dos brasileiros defende que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva proíba a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. A informação é de uma pesquisa nacional do Datafolha, encomendada pela organização de responsabilização corporativa Ekō e divulgada com exclusividade à Reuters.

O levantamento, que ouviu 2.005 pessoas entre os dias 8 e 9 de setembro, revela que 61% dos entrevistados são contra a extração de petróleo na região. A oposição é ainda mais forte entre os jovens de até 24 anos, faixa etária na qual a rejeição atinge 73%. A sondagem foi realizada às vésperas da conferência climática COP30, que acontecerá em Belém no próximo mês.

Este cenário de opinião pública surge em um momento em que a Petrobras busca autorização para perfurar um poço exploratório na área, um projeto que aguarda há anos o licenciamento ambiental do Ibama. A estatal pretende investigar o potencial petrolífero da bacia, situada em águas profundas do Amapá, o que poderia abrir uma nova fronteira de exploração para o país. As perguntas da pesquisa, no entanto, não mencionavam a empresa.

Apesar do interesse da indústria, o projeto enfrenta resistência de grupos da sociedade civil e até de setores do próprio governo. Enquanto isso, a Petrobras já acumula gastos de aproximadamente R$ 180 milhões para manter uma sonda de prontidão na região, à espera da decisão final do Ibama. O órgão ambiental, por sua vez, informou no final de setembro ter aprovado um simulado de emergência, mas solicitou ajustes à empresa antes de dar seu aval.

A maioria dos brasileiros defende que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva proíba a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas – Foto: Divulgação/ Petrobrás.

Em nota ao divulgar a pesquisa, a Ekō manifestou clara oposição aos planos de exploração. “Os próximos meses serão decisivos para o legado de Lula. A maioria dos eleitores brasileiros quer que ele proteja a natureza e o clima, mas, no momento, ele está deixando que as empresas poluidoras tomem as decisões”, disse a coordenadora de campanhas da organização, Vanessa Lemos. “Lula precisa parar de defender os poluidores e cumprir as ambiciosas ações climáticas prometidas e pelas quais a população tanto anseia.”

A pesquisa também abordou a percepção geral sobre a Amazônia e as mudanças climáticas. Foi constatado um amplo apoio à proteção da floresta, com 77% dos entrevistados concordando com a meta do governo de acabar com o desmatamento ilegal até 2030. No entanto, apenas 17% acreditam que o objetivo será de fato cumprido. Além disso, 60% avaliam que os efeitos das mudanças climáticas, como enchentes e ondas de calor, já impactam negativamente suas vidas, e 81% creem que o governo deveria fazer mais para proteger comunidades marginalizadas desses fenômenos.

Apesar das controvérsias, o governo federal segue ofertando blocos exploratórios na região. Em junho, consórcios envolvendo Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC arremataram 19 de 47 blocos de petróleo e gás ofertados na bacia, indicando que o interesse das petroleiras na área permanece elevado.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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