19% dos moradores de favelas vivem em vias que só se entra a pé, de bicicleta ou de moto, segundo IBGE 

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Dados são da publicação Censo 2022: Favelas e Comunidades Urbanas – Características urbanísticas do entorno dos domicílios.

Aproximadamente 2 em cada 10 moradores de favelas no Brasil vivem em vias onde só é possível se locomover a pé, de moto ou bicicleta. Fora das favelas 1,4% vivem essa realidade. Esses dados foram divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento, feito com base no Censo de 2022.

Segundo o censo, o Brasil tinha 12.348 favelas ou comunidades urbanas em 2022, somando mais de 16 milhões da população, essas localidades estão presentes em 656 municípios do Brasil. Os dados apontam ainda que 60,8% dos moradores das favelas vivem em vias com capacidade de acesso de veículos de grande porte. Fora delas, esse número é de 93,29%. 

Segundo o censo, o Brasil tinha 12.348 favelas ou comunidades urbanas em 2022, somando mais de 16 milhões da população. Fonte: Tânia Rego/Agência Brasil

Para a gerente de Favelas e Comunidades Urbanas do IBGE, Letícia Giannella, a limitação de acesso dessas vias afeta os direitos básicos da população. “O impedimento de passagem de caminhões impede a coleta de direito no domicílio. Como é que faz quando a gente tem pessoas que precisam desse transporte urgente, deste atendimento médico urgente?”  questiona Giannella.

Transporte, arborização e acessibilidade

Os dados mostram ainda que apenas 5,26% dos domicílios dentro das favelas tem um ponto de ônibus ou van no entorno. Fora delas o percentual é de 12,71%. Em se tratando de arborização, o IBGE aponta que 64,59% dos domicílios não possuem árvores nos entornos. Fora das favelas esse número é de 30,48%. 

“Em relação à presença de árvores, o IBGE classificou a informação em três categorias: ‘1 ou 2 árvores’, ‘3 ou 4 árvores’ e ‘5 ou mais árvores’. Em todas elas, o percentual foi ligeiramente mais baixo para a população preta, indicando possível desigualdade em relação a esse quesito no conjunto desses territórios” destacou Larissa Catalá, chefe do setor de suporte a Favelas e Comunidades Urbanas. Mais de 95% dos moradores de favela vivem em vias sem rampa de acesso para cadeirantes, representando cerca de 15,7 milhões de moradores. Nas áreas fora das favelas, 80% viviam sem acesso. 

Gianella acrescenta que esta publicação considera o número de moradores cobertos efetivamente pela pesquisa e não o total de pessoas residentes nestas áreas. “É residual, porém nem todas as faces de quadra tiveram registradas informações no questionário, devido a questões operacionais. Assim, é esperado encontrar diferenças no número de moradores de cada favela e comunidade urbana no ranking das 20 maiores desta divulgação, em relação ao ranking da população total dessas áreas” conclui a gerente.

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Maria Eugênia Melo

Maria Eugênia Melo

Nortista, de Palmas capital do Tocantins. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Tocantins.

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