Um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado e divulgado nesta terça-feira (14), revela que a região metropolitana do Rio de Janeiro contabiliza 10 mil pessoas baleadas em ações e operações policiais, desde 2016. Dessas, 4.342 pessoas foram mortas e 5.658 ficaram feridas, a maior parte adultos (9.459), seguida pelas crianças (244), e idosos (99).
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De acordo com os dados, de 5 de julho de 2016, a 18 de janeiro de 2024, foi registrada uma média de 25 pessoas baleadas por semana. Além disso, em toda a região, 59% dos baleados foram atingidos durante operações policiais, o que corresponde a 17.024 pessoas. Cerca de 47% das crianças e adolescentes que foram baleados, também foram atingidos durante ações da polícia.
“Crianças e adolescentes são alvo da violência armada no Grande Rio. Mas também crescem com problemas de insônia, ansiedade e medo, têm seu crescimento duramente afetado. Não são só as marcas físicas que importam, as consequências psicológicas duram uma vida inteira. Não se trata de defender o fim das operações policiais, mas de entender as consequências delas e de insistir que essa não pode ser a única política de segurança pública do Rio de Janeiro. Porque ela simplesmente não dá resultado”, defende Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.
Dentre as vidas perdidas durante esses anos, está a jovem Kathleen Romeu, que foi morta no dia 8 de junho de 2021, por um tiro de fuzil, durante uma ação policial no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio. A designer de interiores de 24 anos estava grávida de quatro meses quando ela e o bebê, perderam a vida.
A Zona Note da capital foi a região que mais registrou baleados, e também mais mortes. Foram 3.001 pessoas atingidas, e 1.226 acabaram mortas.
“O Rio de Janeiro normalizou a barbárie. Aposta-se alto nas mesmas operações com intensos tiroteios há mais de 20 anos. E qual o resultado concreto disso?“, questiona Cecília Olliveira, Diretora Executiva do Instituto Fogo Cruzado.