O uso do medicamento Ozempic tem se popularizado entre pessoas com e sem diabetes, principalmente por seu efeito de emagrecimento. Desde 2018, casos relacionados a efeitos colaterais graves vêm sendo registrados em diversos países, como Brasil, Estados Unidos e Canadá. Dentre as complicações, destacam-se inflamações na vesícula biliar que, em muitos casos, resultam em internações e necessidade de cirurgia para retirada do órgão.
Originalmente indicado para o controle do diabetes tipo 2, o Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, passou a ser utilizado com frequência para perda de peso. No entanto, essa ampliação de uso tem revelado riscos à saúde. De acordo com dados da agência reguladora norte-americana FDA, entre 2019 e 2022 foram registradas mais de 11 mil notificações de hospitalizações associadas à semaglutida. Dentre essas, 490 envolviam inflamação na vesícula e 376 resultaram em colecistectomia (retirada do órgão).
Em muitos desses casos, os pacientes não apresentavam histórico prévio de problemas digestivos. A prática da automedicação, o uso sem acompanhamento médico e a compra irregular da substância são apontados por especialistas como fatores de risco. Profissionais de saúde têm demonstrado preocupação com a popularização do medicamento, especialmente por motivações estéticas.

A médica canadense Melanie Bechard, presidente da organização Médicos Canadenses pela Saúde Planetária, afirmou em entrevistas que a ampla procura por Ozempic exige uma discussão mais profunda sobre a segurança no uso e a ética na prescrição. Ela destaca que os riscos não são suficientemente conhecidos por muitos usuários.
Estudos indicam que a semaglutida pode provocar o esvaziamento mais lento do estômago e alterações no trato digestivo, o que favorece o acúmulo de bile e o desenvolvimento de cálculos biliares. Apesar de esses efeitos constarem na bula, o vocabulário técnico dificulta a compreensão por parte do público leigo.
Autoridades e médicos alertam que o medicamento não deve ser usado sem orientação especializada. Os efeitos colaterais podem surgir após meses de uso contínuo. Dores abdominais do lado direito, náuseas persistentes e alterações digestivas devem ser observadas com atenção.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acompanha os impactos do uso de Ozempic e reforça que a prescrição segura é de responsabilidade conjunta entre médicos e pacientes. O aumento do consumo sem supervisão, impulsionado principalmente pelas redes sociais, tornou o tema urgente no debate sobre saúde pública.
Leia mais notícias por aqui: Estudo relaciona uso de celular antes dos 13 anos a maior risco de depressão e baixa autoestima