Uso de máscara por homens negros é motivo de racismo durante a quarentena

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Carlos Paulo Falcão sofreu racismo após usar máscara para sde proteger da pandemia do novo coronavírus

Por Ana Caroline Fagundes

Na última quarta-feira (8), o estudante de relações internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro Carlos Paulo Falcão, de 21 anos, foi abordado por seguranças enquanto usava uma máscara recomendada pela Organização Mundial de Saúde em um mercado do bairro de Alcântara, São Gonçalo.

Segundo o jovem, em rede social, o segurança gritou com ele para que tirasse o capuz do casaco que usava. O profissional alegou que não poderia entrar com o rosto coberto, segundo a lei n° 6717, de 18 de março de 2014.

hoje, 08/4, às 14h, fui ao supermercado da rede Carrefour – praticamente ao lado da minha casa – comprar alguns itens que minha mãe havia pedido. Era um dia chuvoso e frio, eu estava de capuz, durag – um acessório de cabeça usado para um corte de cabelo – e máscara que protegia meu nariz e boca, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde em tempos de pandemia de Covid-19. Ao entrar nas lojas Americanas, fui abordado grosseiramente por um segurança do Carrefour que AOS GRITOS dizia haver uma lei que me proibia de usar o capuz”, publicou Paulo Galcão em sua página do Twitter (@paulobrabissimo)

”A lei existe, de fato é a Lei N° 6717 de 18 de março de 2014. O Artigo primeiro proíbe ”o uso ingresso ou permanência de pessoas utilizando capacete ou qualquer tipo de cobertura oculta a face, nos estabelecimentos comerciais, públicos ou aberto ao público”. No parágrafo segundo a lei deixa claro que ”os bonés, capuzes e gorros não se enquadram na proibição” a não ser que ocultem a face dapessoa que não era o caso. Cito ainda o parágrafo terceiro, sem dúvida o mais importante; ”a abordagem aos usuários de bonés, capuzes e gorros deverá ocorrer” , complementou Carlos Paulo Falcão em suas redes sociais.

O supermercado Carrefour respondeu, em comentário na mesma postagem, que repudia qualquer forma de preconceito e a responsabilidade pelo profissional é do centro comercial onde está a unidade.

Não é só no Brasil que homens negros estão passando por casos de racismo vindo das autoridades de segurança:

O professor Trevor Logan, da Universidade do Estado de Ohio, em entrevista à CNN americana, relata que as autoridades dos EUA estão pedindo para que população negra não use máscaras nas ruas, por ser um adereço ligado à criminosos.

“Nós temos muitos exemplos de criminalidade presumida de homens negros em geral. E aí nos temos as autoridades pedindo que nós usemos em público algo que pode, certamente, ser visto como um adereço de um criminoso, particularmente quando usado por homens negros”, disse Trevor.

Na rede social Twitter, outro educador também falou sobre o assunto: “Eu não me sinto seguro usando um lenço ou panos, ou qualquer coisa que não seja claramente uma máscara para cobrir meu rosto quando eu for a uma loja. Porque eu sou um homem negro vivendo neste mundo. Eu quero continuar vivo, mas eu também quero continuar vivo”, escreveu Aaron Thomas.

Os casos de Coronavírus nos Estados Unidos já batem mais de 400 mil nos relatórios. Diante desse cenário, especialistas afirmam haver uma maior incidência do vírus na comunidade afro-americana.

“Como em qualquer doença ou dor, é menos provável que os afro-americanos tenham seus sintomas considerados nos cuidados de saúde, por causa de preconceitos implícitos”, segundo Brandon Brown, epidemiologista da Universidade da Califórnia.

Em ambos os países, a pobreza dificulta o acesso aos testes e cuidados básicos necessários. Além disso, a comunidade negra é a camada com maior número de trabalhadores dos serviços considerados essenciais (motoristas, atendentes de supermercados e até mesmo quem depende do transporte público diariamente), o que aumenta a probabilidade de exposição.

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