A Companhia de águas e esgoto (Cagece) do Ceará planeja construir uma usina de dessalinização por onde passam os cabos submarinos que são responsáveis por 90% da internet do Brasil, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Empresas de telefonia temem que a usina possa provocar apagão digital no país.
A 1° versão do projeto foi alterada seguindo recomendações da Anatel que pediu uma distância mínima de 567 metros das tubulações dos cabos de internet. A Praia do Futuro fica localizada mais próximo a Europa, e é o primeiro lugar que recebe cabos de fibra óptica do continente. Esses cabos passam por Rio de Janeiro, São Paulo e vai pra toda a América Latina, caso os cabos sejam rompidos, usuários de todo Brasil ficariam sem acesso a internet ou com a internet lenta.
A empresa de águas e esgotos do Ceará, responsável pelo projeto, diz que foi informada sobre as recomendações e que a obra, que tem previsão de início no mês de março, não afetará o uso de internet pela população, e que cumprirá a distância recomendada pela Justiça do Estado.
Em entrevista, Fabio Andrade, vice-presidente de Relações Institucionais da Claro, se diz preocupado com o parecer, e que as operadoras foram pegas de surpresa com o andamento do projeto. Segundo especialistas no assunto, uma distância segura seria de pelo menos 1,5 km. A Cagece alegou que alterações no local do projeto seriam inviáveis pelo seu alto custo.
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De acordo com o Governador do Estado, Elmano de Freitas, a usina de dessalinização é importante para prevenir que as secas que atingiram o estado entre 2015 – 2016 causem uma repetição do caos quando os níveis de água do reservatório do Castanhão caíram, onde as reservas hídricas ficaram secas e algumas até em nível morto, sendo a pior seca da história.