Uneafro lança ação carta para defender religiões de matriz africana

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PE-RECIFE- 01/11/2018 - LOCAL - 12 CAMINHADA DOS TERREIROS DE PERNAMBUCO, jurema, umbanda, candomble, orixas. Quinta-feira (01) Foto: Marina Curcio/ESP. DP

Após declarações intolerantes vindas de integrantes da família Bolsonaro, a Uneafro Brasil, autoridades religiosas, intelectuais e acadêmicos estão lançando juntos a “Carta das Religiões Afro-Brasileiras”. O manifesto é uma forma de defender as religiões de matriz africana e denunciar ataques como o recente caso da associação que a primeira-dama Michelle Bolsonaro fez da Umbanda e do Candomblé com as “trevas” em uma rede social.

Foto: Marina Curcio/ESP. DP

Na ocasião, Michelle Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais um vídeo de 2021 em que uma religiosa dá um banho de pipoca em Lula, e escreveu: “Isso pode, né! Eu falar de Deus, não”. No post original, da vereadora Sonaira Fernandes, diz que o ex-presidente Lula já entregou sua alma para vencer essa eleição. “Não lutamos contra a carne nem o sangue, mas contra os principados e potestades das trevas. O cristão tem que ter a coragem de falar de política hoje, para não ser proibido de falar de Jesus amanhã”, escreve.

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No documento emitido pela Uneafro, é lembrado que a discriminação religiosa é crime com várias sanções previstas. “Ao atuarem movidos por interesses religiosos, privilegiando ou prejudicando determinada confissão religiosa, devem responder por improbidade administrativa, crime de prevaricação ou mesmo crime de responsabilidade, sujeitando-se ao impeachment”, diz a carta.

Vale lembrar que Bolsonaro já fez diversas declarações de apoio às religiões evangélicas, incluindo colocar no STF “um Ministro terrivelmente evangélico” no Supremo. Em outro trecho a carta diz:

“Impõe-se uma ação enérgica das autoridades públicas voltadas ao imediato desaparelhamento do Estado, visto que agências públicas de importância fundamental como os conselhos tutelares, por exemplo, espalhados pelos mais de 5.600 municípios brasileiros, encontram-se hoje aparelhados por facções religiosas, drenando dinheiro público para beneficiar interesses particulares e perseguir as Religiões Afro-Brasileiras”.

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De acordo com dados da Secretaria da Justiça e Cidadania, só neste ano, mais de 545 denúncias de intolerância religiosa já foram registradas, até abril, um aumento de 17% em relação ao ano passado. As principais cidades apontadas nesse levantamento são: São Paulo, com 111 denúncias, seguido do Rio de Janeiro, com 97, Minas Gerais (51), Bahia (39), Rio Grande do Sul (26), Ceará (11) e Pernambuco (13). 

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