A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) rebateu as falas da deputada Cristiane Lopes (União Brasil-RO), durante a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher nesta quarta-feira (30). A parlamentar disse que mulheres trans estão roubando o “lugar” da “mulher de verdade”, mas Erika, que é a primeira deputada federal trans da história de São Paulo, contestou o comentário.
“Tentar usar característica biológica para excluir, para desqualificar a mulheridade de mulheres trans e travestis é, sim, transfobia escrachada”, diz a deputada, que continuou: “Esse discurso biológico já foi utilizado muitas vezes para dizer, por exemplo, que mulheres negras não precisam de anestesia no parto porque as mulheres de verdade são as mulheres brancas. É o discurso biológico da exclusão, do preconceito. O discurso que não leva em consideração qual é o recorte histórico, social ao qual nós mulheres trans e travestis estamos inseridas na sociedade brasileira”, disparou contra a apoiadora do ex-presidente Bolsonaro.
Em seu discurso de pouco mais de 7 minutos, Erika Hilton escancarou o caráter transfóbico na fala da parlamentar.
“Nós sabemos muito bem o que está colocado nessa narrativa e nesse discurso que quer excluir a ‘mulheridade’ de mulheres transexuais e travestis”, explicou a parlamentar. “É claro que o conjunto de mulheres brasileiras tem suas particularidades. Nenhuma de nós nesta sala somos iguais presidente”.
Erika defendeu a inclusão das mulheres trans citando a questão da prostituição e o alto número de assassinatos dentro da comunidade.
“Nossa população vive à margem da sociedade. Nós estamos em 2023 e somente nesta legislatura nós conseguimos chegar a essa casa. Sabe porque não estávamos até agora? Por exatamente discursos como esse, porque a sociedade ainda nos enxerga como menos mulher, menos cidadã“, disse a deputada em certo momento.
Erika relembrou outros episódios de transfobia no local, e pediu que os membros da Comissão se posicionem. “Existe um sentimento nesse parlamento brasileiro que corrobora com a cultura do ódio, de preconceito e estigma. Por que o Supremo Tribunal Federal precisou discuti sobre a proteção dessas mulheres Porque esse parlamento segue calado, ou não, que seria menos pior, mas falando asneiras o tempo inteiro“, diz Erika Hilton.
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