O jogador Bruno Henrique, do Flamengo, foi alvo de comentários sobre seu cabelo nas redes sociais, após o clássico contra o Botafogo na última quarta-feira (12). Comentários no X (antigo Twitter) e no Instagram, feitos pela torcida do time adversário, chamaram o atleta de “cabelo frito”. Por isso os torcedores foram acusados por outros usuários, de fazer comentários racistas contra Bruno.
Até o momento, nem o Flamengo, nem o Botafogo se manifestaram oficialmente sobre o caso. No entanto, páginas esportivas e torcedores utilizaram o Twitter para repudiar os ataques que consideraram racistas, cobrando exceções das autoridades e dos clubes envolvidos.
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O Notícia Preta entrou em contato com o Botafogo, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.
Nas redes, internautas repudiaram os comentários. “Racismo, racismo recreativo, racismo velado.
Chamem como quiser, o fato é que as “piadas” com o cabelo do Bruno Henrique são racistas“, disse um usuário do X.
“Todas as pessoas que estão chamando o Bruno Henrique de “cabelo frito” mostram na essência como o racismo funciona: quando não há argumento, não há possibilidade de falar sobre caráter, profissão, o exercício de poder começa em fazer a pessoa se sentir humilhada pelo que é“, disse outra internauta.
O episódio ocorre poucos meses após os torcedores do Botafogo terem sido denunciados pelo Ministério Público, em dezembro de 2024, por atos racistas durante uma partida contra o Palmeiras no Estádio Nilton Santos, válida pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América.
Na ocasião, um vídeo registrado torcedores alvinegros fazendo gestos e proferindo falas racistas contra a torcida palmeirense. Segundo a denúncia, um dos acusados repetiu a palavra “macaco” diversas vezes, enquanto outro esfregou o dedo indicador no próprio antebraço, em alusão à cor da pele das vítimas, e simulou movimentos característicos de um macaco.
Casos de racismo no futebol
A crescente recorrência de casos de racismo no futebol reforça a necessidade de medidas mais firmes para coibir essas práticas. Em 11 de junho de 2024, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou, por unanimidade, o projeto de lei “Vini Júnior”, de autoria da deputada Luciana Genro (PSOL). O PL 267/2023 estabelece um “Protocolo de Combate à Discriminação”, a ser aplicado em casos de suspeitas de racismo, injúria racial ou homofobia em estádios e arenas esportivas. O projeto agora segue para a sanção do governador.
A aprovação ocorreu poucos dias após a Justiça espanhola anunciar a denúncia de três pessoas à prisão por atos racistas contra Vini Júnior, em uma decisão inédita no país.
Foto de capa: Gilvan de Souza/CRF
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