Um estudo recente da Universidade de Yale acendeu um alerta sobre os efeitos econômicos das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump desde sua volta ao poder. Segundo o Budget Lab, laboratório de estudos econômicos da instituição, as medidas comerciais adotadas pelo governo norte-americano podem levar cerca de 875 mil pessoas à linha da pobreza nos Estados Unidos até 2026, caso sejam mantidas sem alterações.
Apresentadas como ferramenta de proteção da indústria nacional, as tarifas incidem principalmente sobre produtos importados. Na prática, elas aumentam o custo final desses itens e funcionam como um “imposto oculto” sobre o consumidor, conforme aponta o estudo. “Essas tarifas funcionam como um imposto regressivo, que atinge mais quem tem menos”, destaca o relatório.
O impacto direto é sentido, sobretudo, por famílias de baixa renda. Como esses núcleos destinam uma parcela significativa de sua renda para itens básicos, como alimentação, transporte e saúde, qualquer aumento de preços pode gerar cortes drásticos nos gastos essenciais.

O índice oficial de pobreza nos Estados Unidos está atualmente em 10,4%. Segundo as projeções do Budget Lab, esse percentual pode subir para 10,7% com a manutenção das tarifas, o que representa um retrocesso em relação aos avanços obtidos nos últimos anos na redução da desigualdade social.
Pequenos comerciantes e setores da indústria que dependem de insumos externos também são prejudicados. O aumento no custo da produção afeta a competitividade de diversos segmentos e pode resultar em repasse dos preços aos consumidores ou, em casos mais críticos, fechamento de negócios e perda de empregos.
Especialistas citados no relatório alertam para o efeito dominó das tarifas, que vão além das estatísticas econômicas. “A política comercial deve considerar o impacto social de suas decisões, especialmente em tempos de recuperação econômica desigual”, diz trecho do estudo.
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O Budget Lab também afirma que mudanças moderadas nas políticas comerciais poderiam mitigar os danos e proteger as famílias mais vulneráveis. O laboratório recomenda que o governo acompanhe os efeitos das tarifas com rigor técnico e estabeleça mecanismos de compensação para os setores mais afetados.
Enquanto o debate sobre tarifas e protecionismo se intensifica, o estudo de Yale serve como mais um lembrete de que as políticas econômicas têm efeitos concretos na vida da população e, muitas vezes, são mais pesadas justamente para quem já carrega os maiores fardos.