Só 2 em cada 10 alunos de mestrado e doutorado no Brasil são negros ou indígenas

afrocientista_mcamgo_abr_28102023-7.webp

A desigualdade racial segue marcante nos cursos de pós-graduação no Brasil. Apenas cerca de 20% dos estudantes de mestrado ou doutorado são negros ou indígenas. Os números vêm de um levantamento do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, que analisou informações entre 1996 e 2021, dado em primeira mão na mídia em matéria do Jornal da Globo.

Os dados revelam a distância entre brancos e não brancos na conquista de títulos acadêmicos. No mestrado, quase metade das titulações (50%) foi concedida a alunos brancos. Já entre pessoas negras, o índice foi de 21%, enquanto os indígenas representaram apenas 0,23%. No doutorado, a disparidade aumenta: 57,8% dos títulos ficaram com estudantes brancos, contra 18,3% de negros e 0,3% de indígenas.

O estudo também observou os efeitos no mercado de trabalho. Houve crescimento na presença de negros e indígenas com pós-graduação em empregos formais, mas os melhores cargos continuam concentrados entre brancos. Além disso, a diferença salarial se mantém: mesmo com taxas de emprego ligeiramente superiores, pretos e pardos recebem menos que os demais.

Por trás dos percentuais estão trajetórias individuais que enfrentam barreiras adicionais. É o caso da nutricionista Ellen, de 30 anos. Graduada pela Universidade Federal de Lavras, no sul de Minas Gerais, ela concluiu o mestrado em Nutrição e Saúde e está prestes a defender o doutorado em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto, na UFMG.

Houve crescimento na presença de negros e indígenas com pós-graduação em empregos formais, mas os melhores cargos são dos brancos – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Quando ingressou na faculdade em 2013, chegar ao doutorado parecia improvável. “À medida que eu fui avançando na graduação, eu comecei a participar de projetos de extensão, projetos de iniciação científica, o que veio me despertar, a vontade de me especializar”, relatou ao Jornal da Globo.

Mesmo assim, a presença de colegas negros foi sempre rara. E, ao falar sobre o ambiente acadêmico, Ellen resume: “Sempre tem a estranheza de já estar fazendo doutorado pela questão da cor, mas eu lido isso com naturalidade”, afirmou a reportagem.

Leia mais notícias por aqui: Internautas chamam atenção para diferença de público nos discursos de Lula e Milei na ONU

Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

Deixe uma resposta

scroll to top