“Sempre coloquei o coração e tive muita fé que o funk ia mudar minha vida”, diz o cantor Kevin O Chris

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A música é capaz de mudar vidas, e independente das quantidades de batidas por minuto, o funk levou Kevin, de Duque de Caxias (RJ), para o mundo. O cantor conhecido como Kevin O Chris conquistou o Brasil com o funk carioca e seus hits super dançantes que fizeram alcançar a marca de mais de 6 milhões de ouvintes mensais no Spotify.

E para celebrar o estilo do 130bpm que marcou o início de sua carreira, o artista lançou, no final de 2022, o álbum ‘Tamborzão Raiz’ todo nessa pegada. O Notícia Preta conversou com o funkeiro com exclusividade, sobre sua carreira e seus recentes lançamentos. 

Cantor Kevin O Chris /Foto: Divulgação

Com relação ao novo disco, que também tem um projeto audiovisual – o  ‘Tamborzão Ao Vivo’ – Kevin afirma que voltar com o funk menos acelerado, é sinônimo de sucesso.

“O funk 130bpm é atemporal, não importa quanto tempo passe, sempre que um MC lança um som 130bpm, o bagulho explode! Então podem ter certeza que eu nunca vou deixar de apostar nele. Mas nesse projeto foi mais especial ainda, eu quis resgatar minhas origens no funk”, disse o cantor.

Com músicas como “Incendeia”, “Vai Rebola Pro Pai” e “Ela é do tipo”, o funkeiro chegou ao topo das paradas, e confessa que a energia das pessoas com suas letras na ponta da língua é uma grande experiência. “Fico felizão, não tem nada melhor do que um artista ver o público cantando suas músicas, contagiado pelo seu som. É surreal”, celebra.

Apesar de sempre ter sonhado com o sucesso, Kevin afirma que o que vive hoje é ainda maior do que esperava, mas que é resultado de muito trabalho e amor pela música.

“Nunca imaginei chegar aqui, gravar com o Drake, com a Dulce María, fazer turnê fora do país, ver o funk romper barreiras. É tudo muito surreal mas sempre foi um sonho meu, desde que eu sou moleque. Sempre coloquei o coração e tive muita fé que o funk ia mudar minha vida”.

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E Kevin O Chris não esconde a felicidade em ver, o “som de preto e favelado” rompendo fronteiras e cruzando oceanos, e cita artistas como Anitta e Ludmilla como importantes responsáveis por esse movimento. 

“Só quem veio da favela, que frequentou os bailes, sabe o quanto isso é importante. Faz muito pouco tempo que a mudança veio braba mesmo. O funkeiro não se apresentava nos programas de tv, muitas rádios não queriam tocar, uma galera talentosa demais veio antes de mim abrindo portas e até hoje a gente sente a diferença”, explica o cantor, que completa mostrando que está pronto para continuar levando o funk para além do Brasil.

“É um caminho longo, de muita luta, de muitos nãos e de muita felicidade também. Agora o mundo enxerga nossa cultura, os gringos se amarram, a favela tá levando o funk para o topo e ninguém vai tirar, esquece!”.

4 episódios de Kevin O Chris

Além de um álbum novo, novos shows e o projeto de audiovisual, o funkeiro também lançou em seu canal no Youtube um documentário falando sobre suas origens, começo de carreira e mais detalhes não só sobre o artista, mas também sobre sua vida antes da fama.

Cantor durante um show. /Foto: Reprodução / Facebook / Kevin O Chris

“Foi um trabalho diferenciado que coloquei 100% o Kevin O Chris de Duque de Caxias, que começou nos bailes de favela, que produzia música com os cria lá na comunidade e sempre acreditou nesse som que sofre tanto preconceito até hoje. Foi uma forma também de presentear a galera que abraça meu trabalho”

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Por isso o cantor espera que os fãs vejam, ao longo dos 4 episódios, “um funkeiro nascido em Duque de Caxias, que conquistou tudo o que tem acreditando em um sonho e em Deus” e completa por qual motivo decidiu produzir o documentário trazendo um outro lado do seu trabalho.

“Eu quis mostrar o corre por trás dos charts, dos rankings e das trends. Levar para o meu público a realidade de onde eu vim, o quanto batalhei e ainda batalho para viver do funk. Minha equipe também participou, meus amigos mcs, uma galera que tá comigo desde que eu não tinha nada, hit nenhum, só o sonho. A galera valoriza demais o resultado e não conhece o caminho até chegar lá, é isso que eu quis mostrar”, explicou Kevin.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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