Rompimento da barragem em Brumadinho completa 5 anos sem punição: 272 pessoas morreram

antonio_cruz_070120jc_trabalhos-das-equipes-do-corpo-de-bombeiros-em-mariana-mg-apos-rompimento-de-barragem_071120150045313_0.webp

No dia 25 de janeiro de 2019, a Barragem I (B1) da mineradora Vale, rompeu em Brumadinho, Minas Gerais. Foram 26 municípios atingidos, matando 272 pessoas, das quais três ainda não foram encontradas. Passados cinco anos do desastre que marcou a região, ninguém foi preso, e manifestações pedindo justiça, marcam a data.

Após o rompimento da barragem de rejeitos do Córrego do Feijão, da Vale, que estava desativada, estima-se que aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram liberados no terreno, soterrando a cidade.

O Corpo de Bombeiros local tem uma força tarefa especial para encontrar os corpos de Nathália de Oliveira Porto Araújo, Tiago Tadeu Mendes da Silva e Maria de Lurdes da Costa Bueno, vítimas da tragédia, que continuam desaparecidas.

Brumadinho após desastre – Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A justiça brasileira pede a condenação de 16 pessoas por homicídio qualificado, crimes contra a fauna e poluição. Essas, são ligadas à Vale e à empresa alemã TÜV Süd, que assinou a declaração de estabilidade da barragem. O processa ainda tramita na justiça e ninguém foi preso. Em entrevista ao Terra, um trabalhador local contou as dificuldade que enfrenta ao continuar vivendo na região.

“Foi um período muito difícil. Quem produzia não tinha mais onde vender os seus produtos. E até hoje tem pessoas que não compram nada. Após cinco anos, quando se fala que o alimento é de Brumadinho, ninguém quer. Então a gente continua sendo privado por este crime dessa mineradora”, disse.

Um protesto foi feito nesta manhã em memória das vítimas, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O deputado federal Pedro Aihara, bombeiro que atuou nos resgates, teve a iniciativa de protestar colocando 272 cruzes no gramado. Protestos em São Paulo e em Brumadinho também homenagearam as vítimas.

Segundo a Vale, a empresa já utilizou R$3,5 bilhões em indenizações entregues às vítimas, contabilizando as mais de 15,4 mil pessoas indenizadas em Brumadinho, municípios da Bacia do Paraopeba e áreas que foram evacuadas preventivamente. A Vale também afirma que “sempre norteou suas atividades por premissas de segurança e que nunca se evidenciou nenhum cenário que indicasse risco iminente de ruptura da estrutura B1“.

Mas o delegado da Polícia Federal (PF), Cristiano Campidelli, afirmou em um seminário no início da semana, ao compartilhar informações com as famílias das vítimas, que a mineradora mentiu para os trabalhadores em simulações feitas antes da tragédia.

Foi dito que se a sirene tocasse, elas poderiam caminhar calmamente até o ponto de encontro, por 8, 10, 15 minutos. Mas a Vale sabia que a sirene não funcionava e sabia que essas pessoas teriam menos de um minuto para se autossalvar. Então essas pessoas morreram porque elas foram enganadas. A Vale cometeu homicídios e tornou impossível a defesa das vítimas“, disse o delegado. O relatório de investigação da PF segue em sigilo.

Leia mais notícias aqui: Ministério da Igualdade Racial e Fiocruz lançam Edital Mãe Gilda de Ogum, para terreiros e comunidades de matriz africana

Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

Deixe uma resposta

scroll to top