Regiões mais pobres são as mais atingidas por enchentes em Porto Alegre (RS), aponta estudo

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De acordo com um estudo do Observatório das Metrópoles, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), as áreas com maior concentração de pessoas de baixa renda na Região Metropolitana de Porto Alegre, foram as mais atingidas pelas enchentes. A análise foi feita por meio de um mapa, cruzando informações sobre a renda das localidades atingidas.

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As mudanças climáticas atingem todo mundo e as enchentes das últimas semanas no RS são um exemplo disso. No entanto, ao cruzar o mapa das áreas que inundaram com os dados de renda do Censo Demográfico de 2010 percebe-se que as regiões atingidas concentram principalmente populações de baixa renda“, pontua o observatório, que também constatou que as localidades mais atingidas pelos alagamentos, tem uma grande parte da população composta por pessoas negras.

O estudo, conduzido pelo pesquisador André Augustin, do Núcleo Porto Alegre do Observatório, localizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apenas considerou as regiões alagadas, sem avaliar por exemplo, as regiões afetas pela falta de água e energia elétrica, ou dificuldades com a locomoção. Nos mapas, as regiões em vermelho são onde vivem as pessoas com rendimento mensal médio de no máximo, um salário mínimo.

Em laranja, pessoas com renda que varia de um a três salários mínimos, e em verde, estão as pessoas que possuem um rendimento de três a 10 salários mínimos ou mais. Os mapas utilizados são referentes a área de inundações, são uma “estimativa da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) para o dia 6 de maio”, e pode não incluir algumas regiões que alagaram em outras datas.

Cidades como Eldorado do Sul, Guaíba, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo, vizinhas de Porto Alegre, também aparecem nos mapas.

Relação entre raça e cor e as inundações na Região Metropolitana de Porto Alegre / Foto: Observatório das Metrópoles/Divulgação

É o caso de Porto Alegre no Humaita, Sarandi e Rubem Berta, assim como Canoas com o bairro Mathias Velho, o que mais sofreu, especialmente no seu extremo oeste. No Vale do Sinos, em São Leopoldo um os bairros mais afetados foi o Santos Dumont e, em Novo Hamburgo, o bairro Santo Afonso, ambos com maior proporção de população negra nestas cidades“, explica o estudo, que salienta que:

O recorte étnico-racial é importante, pois os dados gerais da população brasileira e gaúcha apontam que a população negra é a menos favorecida em termos salariais, qualificação profissional e nível de escolaridade, apesar das políticas afirmativas desenvolvidas desde a última década. Portanto, os programas de intervenção e recuperação destes territórios deverão levar em conta as especificidades desta população que aí reside“, conclui.

Foto de capa: Rafa Neddermeyer – Agência Brasil

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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